O presidente chinês, Xi Jinping, enviou uma carta para parabenizar Javier Milei pela eleição como presidente da Argentina. A mensagem foi encaminhada na última terça-feira (21), mas só foi divulgada nesta quinta-feira (23) pelo ultraliberal e extremista de direita que ocupará a Casa Rosada a partir do dia 10 de dezembro.
Pelas redes sociais, Milei mudou radicalmente o tom beligerante com o qual se dirigiu ao governo chinês ao longo de toda a campanha presidencial. Durante a disputa eleitoral, ele chegou a afirmar que, caso fosse eleito, se afastaria de governos que considera comunistas, incluindo a China. No entanto, os chineses estão entre os principais parceiros comerciais dos argentinos.
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"Agradeço ao presidente Xi Jinping as felicitações e votos de felicidades que me enviou através da sua carta. Envio-lhe os meus mais sinceros votos de bem-estar do povo da China", escreveu Milei
Agradezco al Presidente Xi Jinping las felicitaciones y los buenos deseos que me ha hecho llegar a través de su carta. Le envío mis más sinceros deseos de bienestar para el pueblo de China. pic.twitter.com/p67iaFc69L
— Javier Milei (@JMilei) November 23, 2023Te podría interesar
Em sua mensagem de felicitações, Xi afirmou que a China e a Argentina, ambos países em desenvolvimento e economias emergentes, estão comprometidos com o respeito mútuo, a igualdade e o benefício mútuo, e se apoiaram firmemente em questões que dizem respeito aos interesses centrais de cada um.
Ambos os países aderem sempre ao respeito mútuo, à igualdade de tratamento, ao benefício mútuo e aos ganhos partilhados, e proporcionam-se mutuamente um apoio firme em questões relativas aos interesses vitais de cada um
Xi observou que a cooperação prática em vários campos trouxe benefícios tangíveis para ambos os povos e que a amizade China-Argentina está profundamente enraizada nos corações de ambos.
Ele expressou ainda seu alto apreço pelo desenvolvimento das relações China-Argentina e sua disposição de trabalhar com Milei para promover a amizade e o desenvolvimento mútuo através da cooperação ganha-ganha, além de fomentar o crescimento sólido e sustentado das relações entre os dois países para beneficiar ainda mais ambos os povos.
Ataques depois das eleições
Cotada para assumir o ministério das Relações Exteriores da Argentina, a economista Diana Mondino declarou na última terça-feira (21) à agência de notícias russa RIA Novosti que o país não promoverá relações com Pequim.
Enquanto Diana fazia declarações de desprezo à potência asiática, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, destacou em coletiva de imprensa que as relações com Buenos Aires têm tido bom impulso. Segundo ela, seria um “erro grave” para os argentinos seu governo cortar laços com China e Brasil.
Os dois lados têm uma forte complementaridade econômica e um enorme potencial de cooperação. A China está disposta a continuar a trabalhar em conjunto com a Argentina para promover a estabilidade e o desenvolvimento a longo prazo das relações bilaterais.
'Argenchina'
Para além das bravatas de Milei durante o período eleitoral, a combalida economia argentina é altamente dependente da China, que é o segundo principal parceiro comercial da Argentina, depois do Brasil.
Em 2022, inclusive, a Argentina superou o Brasil no volume de investimento chineses. É o que mostra o estudo do Conselho Empresarial Brasil China (CEBC) Investimentos chineses no Brasil: 2022 — tecnologia e transição energética, o montante destinado por Pequim à Argentina somou US$ 1,34 bilhão, contra US$ 1,30 bilhão recebido pelos brasileiros.
Desde o ano passado, a Argentina faz parte da Iniciativa Cinturão e Rota, a Nova Rota da Seda, projeto desenvolvimentista chinês com ênfase em obras de infraestrutura. Foi a primeira grande economia da América Latina a aderir à iniciativa.
Em junho deste ano, a Argentina fechou um acordo com o Banco do Povo da China, o Banco Central chinês, para ampliar o swap cambial - um derivativo financeiro que promove simultaneamente a troca de taxas ou rentabilidade de ativos financeiros entre agentes econômicos - que no total chega a US$ 19 bilhões.
Essa operação entre Buenos Aires e Pequim permite ao país sul-americano acesso a menos de um terço desses recursos, junto com um desembolso do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF, da sigla em espanhol), pagar em yuans parte da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Além disso, a Argentina foi anunciada anunciada como um dos seis países que vai passar a integrar os BRICS a partir de 2024, grupo formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul. Os outros são Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. Isso se o presidente eleito não der para trás.
Com informações da Xinhua
* Texto modificado às 18h40 para inclusão de conteúdo