As conexões entre Donald Trump e o financista condenado Jeffrey Epstein voltaram ao centro do debate público nesta quinta-feira (5), após Elon Musk publicar em sua conta na rede social X um vídeo em que Trump aparece ao lado de Epstein em uma festa. O registro, antigo, mostra o presidente em clima descontraído com o pedófilo já falecido.
Musk também escreveu que Trump aparece nos arquivos sobre os crimes sexuais de Epstein.
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"Hora de soltar a bomba realmente grande: @realDonaldTrump está nos arquivos de Epstein. Esse é o verdadeiro motivo pelo qual eles não foram tornados públicos. Tenha um bom dia, DJT!", postou.
A postagem integra uma série de críticas recentes de Musk a Trump, intensificadas nos últimos dias, e ocorre em meio à repercussão da liberação parcial dos chamados Epstein Files em fevereiro de 2025 — documentos que trouxeram à tona nomes e conexões com a rede de exploração sexual operada por Epstein.
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Embora Trump nunca tenha sido formalmente acusado no caso, os registros disponíveis apontam para uma relação pessoal próxima com Epstein nos anos 1990 e início dos anos 2000, incluindo aparições conjuntas em festas e viagens compartilhadas entre Palm Beach e Nova York.
Relação social documentada
Trump e Epstein foram figuras constantes nas festas da elite de Palm Beach e Nova York. Ambos frequentavam o resort Mar-a-Lago, propriedade de Trump, e circulavam entre bilionários, modelos e políticos.
Há registros fotográficos dos dois juntos — inclusive ao lado de Melania Trump e Ghislaine Maxwell, ex-companheira de Epstein e condenada por tráfico sexual de menores.
Em 2002, Trump afirmou à New York Magazine:
“Conheço Jeff há 15 anos. Cara ótimo. Muito divertido estar com ele. Até dizem que ele gosta de mulheres tão jovens quanto eu gosto.”
Após a prisão de Epstein, em 2019, Trump mudou o discurso, dizendo que “não era fã” do financista e que o teria banido de Mar-a-Lago — embora não haja registro público que comprove esse afastamento.
Registros de voo e processos
O nome de Trump aparece nos registros de voo do jato “Lolita Express”, com viagens entre Palm Beach e Nova York entre 1993 e 1997. Em algumas delas, estava acompanhado de Marla Maples, Tiffany Trump e uma babá. Ele também figura na lista de contatos pessoais de Epstein, divulgada em processos judiciais.
A sobrevivente Virginia Giuffre, uma das principais denunciantes da rede de Epstein, afirmou que nunca viu Trump envolvido diretamente em abusos. No entanto, em 2016, uma mulher identificada como “Jane Doe” o acusou de abuso sexual aos 13 anos, ao lado de Epstein. O processo foi retirado após alegações de ameaças. Em 2024, a ex-modelo Stacey Williams acusou Trump de assédio em 1993, com Epstein presente.
Epstein Files
Os chamados Epstein Files abrangem depoimentos de vítimas, registros de voos, listas de contatos com figuras da elite, trocas de e-mails e bilhetes entre Epstein e Maxwell, doações suspeitas a universidades como Harvard e MIT e relatórios do FBI.
A primeira leva de documentos foi liberada em 2025 pela procuradora-geral Pamela Bondi. O FBI afirmou que ainda analisa "dezenas de milhares" de registros, sem previsão de liberação completa.
Epstein, poder e silêncio
Epstein foi um financista bilionário estadunidense que acumulou poder e conexões nos altos círculos políticos, econômicos e acadêmicos dos Estados Unidos. Em 30 de junho de 2008, foi condenado por solicitação de prostituição de menores na Flórida, mas firmou um acordo judicial controverso que lhe garantiu uma pena branda de 13 meses em regime semiaberto, com permissão para trabalhar fora da prisão durante o dia.
Mais de uma década depois, em 6 de julho de 2019, Epstein foi preso novamente, desta vez por liderar uma rede internacional de tráfico sexual de menores, com operações em propriedades suas em Nova York, Palm Beach, Paris, Novo México e nas Ilhas Virgens Americanas.
Apenas 34 dias após sua prisão, em 10 de agosto de 2019, morreu em sua cela no Centro Correcional Metropolitano de Nova York. A causa oficial foi suicídio por enforcamento, mas o episódio foi cercado de falhas de segurança, como câmeras desligadas e guardas que falsificaram registros, gerando uma onda de teorias de conspiração sobre possível assassinato para protegê-lo — ou proteger outros nomes poderosos ligados a ele.
Sua ilha nas Ilhas Virgens, apelidada de “Ilha da Pedofilia”, abrigou diversas vítimas. Nomes como Bill Clinton, Príncipe Andrew, Bill Gates e Donald Trump aparecem nos registros ligados a Epstein, embora o grau de envolvimento varie e nem todos tenham sido investigados formalmente.
Teorias conspiratórias
A morte de Epstein e o sigilo prolongado dos documentos alimentaram teorias da conspiração. A frase “Epstein didn’t kill himself” se tornou viral. Musk acusou tanto Trump quanto o governo Biden de tentarem impedir a divulgação completa dos arquivos. Investigadores, jornalistas e a sociedade civil seguem pressionando por transparência total.
As conexões entre Trump e Epstein permanecem envoltas em contradições, documentos parciais e zonas cinzentas. Apesar da ausência de provas conclusivas contra o presidente, os vínculos sociais e os registros levantam questionamentos legítimos sobre redes de poder, impunidade e violência sexual — temas que seguem exigindo apuração rigorosa e sem privilégios.