FOGO NO PARQUINHO

Treta entre Musk e Trump derruba ações da Tesla e assusta o mercado financeiro

Briga entre bilionário e presidente dos EUA já eliminou ao menos US$ 150 bilhões do valor de mercado da montadora de carros elétricos

Briga entre bilionário e presidente dos EUA já eliminou ao menos US$ 150 bilhões do valor de mercado da montadora de carros elétricos. Na foto, Musk e Trump quando ainda eram aliados, em 11 de março deste ano, em frente à Casa Branca divulgando os veículos da Tesla
Treta entre Musk e Trump derruba ações da Tesla e assusta o mercado financeiro.Briga entre bilionário e presidente dos EUA já eliminou ao menos US$ 150 bilhões do valor de mercado da montadora de carros elétricos. Na foto, Musk e Trump quando ainda eram aliados, em 11 de março deste ano, em frente à Casa Branca divulgando os veículos da TeslaCréditos: Casa Branca
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A escalada da treta entre Elon Musk e Donald Trump provocou um terremoto em Wall Street nesta quinta-feira (5). As ações da Tesla despencaram 14,3% — a maior queda desde março e a segunda pior desde 2020 — resultando em uma perda de aproximadamente US$ 150 bilhões em valor de mercado para a montadora.

O estopim foi a reação de Musk ao projeto de lei apresentado por republicanos da Câmara dos Representantes, que o bilionário classificou como uma “abominação repugnante”. O embate, inicialmente de cunho político, rapidamente se transformou em uma ruptura pública entre Musk e Trump, gerando receios entre investidores sobre eventuais retaliações contra as empresas do empresário, que dependem fortemente de contratos federais e incentivos fiscais.

Analistas da Wedbush Securities alertaram, em nota ao New York Times, que a crise pode ter desdobramentos regulatórios significativos. “Os investidores temem que essa briga encerre a parceria entre Musk e Trump e altere o ambiente regulatório para a Tesla, especialmente no setor de veículos autônomos”, escreveram.

O projeto defendido pelos republicanos prevê o fim do crédito fiscal federal de US$ 7.500 para compradores de veículos elétricos — um subsídio crucial para a Tesla, líder nas vendas do setor nos Estados Unidos

Trump afirmou que Musk estaria “revoltado” com o fim do benefício. O executivo, por sua vez, negou a acusação e publicou um vídeo de um evento na Casa Branca em que o próprio Trump declara: “Eu encerrei o mandato dos veículos elétricos. Ele nunca sequer reclamou para mim.”

A nova crise soma-se a uma sequência de meses turbulentos para a Tesla. Após uma breve valorização na esteira da vitória de Trump em 2024, os papéis da empresa passaram a enfrentar fortes oscilações, impulsionadas pela queda nas vendas e pelo desgaste da imagem de Musk diante do público consumidor, cada vez mais crítico ao seu envolvimento com o governo.

As tensões acenderam o sinal de alerta em grandes casas de análise de Wall Street. A JPMorgan, uma das instituições financeiras mais influentes do mundo, estima que a Tesla pode sofrer uma perda de até US$ 1,2 bilhão em seu lucro anual caso o crédito fiscal seja eliminado — o que agravaria ainda mais o cenário de retração.

O banco também revisou para baixo sua estimativa de entregas da Tesla em 2025, reduzindo em 20% a projeção anterior: de 444 mil para 355 mil veículos no primeiro trimestre, o pior resultado desde 2022. A avaliação geral sobre a companhia piorou. A JPMorgan cortou o preço-alvo das ações da Tesla para US$ 120, justificando a decisão com “danos à marca sem precedentes” causados pelas controvérsias políticas envolvendo seu CEO.

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