“O Monte Rinjani foi a maior furada da minha vida.” A frase, publicada pela escritora Letícia Mello nas redes sociais, reacendeu o debate sobre as condições da trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia, onde a brasileira Juliana Marins morreu após cair e aguardar dias por resgate. O relato de Letícia, que subiu o monte em junho de 2017, viralizou nas redes após a tragédia com Juliana.
Letícia, conhecida por registrar suas experiências em viagens pelo mundo, contou que já havia feito trilhas desafiadoras, como a subida solitária ao vulcão mais alto da América Central. Ainda assim, disse que nenhuma delas foi tão perigosa quanto o Rinjani. “Foi a única atividade em que me senti em perigo real”, escreveu.
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A escritora afirma ter sido enganada pela agência de turismo, que prometeu um passeio simples, sem necessidade de preparo físico ou equipamento. “No primeiro dia de trilha, metade do grupo desistiu de seguir. A comida era muito básica, os guias simpáticos, mas mal equipados e sem preparo. Faltava até comunicação, mal tínhamos um idioma em comum”, relatou.
Ela lembra que no terceiro dia acordaram às 2h da manhã para tentar chegar ao cume e ver o nascer do sol, mas foram surpreendidos por uma tempestade. Mesmo assim, os guias deixaram a decisão nas mãos dos turistas. “É complicado estar no topo de uma montanha e não poder contar com o conhecimento do guia”, escreveu.
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O momento mais crítico, segundo Letícia, foi a descida. Foi só na volta que ela percebeu o penhasco dos dois lados da trilha, algo que passou despercebido durante a subida no escuro. “A descida foi feita escorregando. Estava frio, escuro e não tínhamos equipamentos adequados. Fiquei perplexa”, relatou.
Preço alto, estrutura precária
A trilha até o topo do Monte Rinjani é vendida por agências locais por cerca de R$ 1,6 mil. A caminhada pode durar entre dois e quatro dias, dependendo do percurso escolhido. Com 3.726 metros de altitude, o Rinjani é o segundo vulcão mais alto da Indonésia e exige preparo físico, já que o trajeto inclui subidas íngremes, solo instável e temperaturas que podem se aproximar de 0°C no cume.
No TripAdvisor, relatos de turistas brasileiros apontam os mesmos problemas enfrentados por Letícia: agências despreparadas, guias mal treinados e riscos subestimados. “Fiz a trilha em 15 horas, mas estava com 100% da minha preparação”, contou Lucas Ramos, de Santa Catarina.
Dados do governo indonésio revelam que, nos últimos cinco anos, o vulcão registrou 180 acidentes e 8 mortes.