A publicitária brasileira Juliana Marins, de 26 anos, natural de Niterói (RJ), sofreu um acidente durante uma trilha guiada no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia. O local é um dos destinos mais procurados por turistas e montanhistas, mas também é considerado um dos mais desafiadores e perigosos do país.
Juliana está desaparecida desde a última sexta-feira (20), quando caiu em uma área de difícil acesso. Segundo relatos, ela estava sem água, sem comida e vestia apenas calça jeans, camiseta, luvas e tênis, além de estar sem óculos, o que agrava sua situação, já que é míope. Ainda não há informações oficiais sobre seu estado de saúde.
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Local conhecido por acidentes
O Monte Rinjani tem sido palco de uma série de acidentes nos últimos anos. Com 3.726 metros de altitude, é o segundo pico mais alto da Indonésia e um dos vulcões ativos do país. O local faz parte do Parque Nacional Gunung Rinjani, uma área protegida e de grande importância espiritual para os moradores da região.
As trilhas, apesar de bastante procuradas por aventureiros, são descritas como perigosas e traiçoeiras. O percurso pode levar de dois a três dias para ser concluído a pé e inclui trechos com penhascos, subidas íngremes e mudanças bruscas no clima, com nevoeiros repentinos que reduzem drasticamente a visibilidade.
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Histórico de tragédias
Nos últimos anos, o monte registrou diversos acidentes, alguns fatais. Em maio de 2025, um montanhista da Malásia morreu após uma queda. No ano anterior, em setembro de 2024, o adolescente indonésio Kaifat Rafi Mubarraq, de 16 anos, desapareceu durante uma trilha com amigos. Seu corpo só foi encontrado após mais de uma semana de buscas, que contaram com drones e equipes terrestres.
Outro caso que chamou atenção foi o do irlandês Paul Farrel, de 31 anos, que em outubro de 2024 caiu de um penhasco de aproximadamente 200 metros enquanto fazia trilha sozinho. Incrivelmente, ele sobreviveu com ferimentos moderados e conseguiu pedir socorro após encontrar sinal de celular.
Em agosto de 2022, um jovem israelense de 19 anos não teve a mesma sorte. Ele morreu após uma queda durante a escalada. O resgate do corpo mobilizou equipes locais, uma empresa israelense especializada em buscas e até o consulado de Israel em Singapura.
A trilha e seus riscos
O pacote para trilhar o vulcão custa, em média, 2 milhões de rupias indonésias (cerca de R$ 667). O valor inclui alimentação, água e equipamentos básicos. O percurso escolhido por Juliana era de três dias e duas noites, considerado menos desgastante por permitir um ritmo mais lento.
De acordo com a brasileira Bruna Carneiro, que fez a trilha em 2023, o trajeto não exige técnicas avançadas de montanhismo, mas demanda bom preparo físico e atenção constante. "Você passa por precipícios e, em alguns momentos, é preciso escalar pequenas partes. A trilha é difícil, mas possível", disse em entrevista ao UOL News.
Outro fator de risco são as mudanças climáticas repentinas. Durante o dia, as temperaturas são altas, mas à noite podem cair drasticamente, agravadas pelos ventos fortes e pelo surgimento repentino de nevoeiros.
Buscas continuam
As operações de busca por Juliana continuam, mas são dificultadas pelo terreno acidentado e pela instabilidade do clima na região. Amigos da publicitária que estão na Indonésia acompanham as buscas e tentam apoiar o trabalho das equipes locais.
O Itamaraty informou que acompanha o caso por meio do consulado em Jacarta e presta assistência à família da brasileira.
Com informações do UOL e do Globo