O Irã denunciou que Israel está censurando a mídia, inclusive correspondentes internacionais em Tel Aviv, para esconder "ganhos estratégicos" de Teerã na guerra aérea.
Os ganhos estão ligados à capacidade de mísseis iranianos de escapar do multifacetado sistema anti-mísseis de Israel, que inclui os chamados Domo de Ferro, Estilingue de Davi e Arrow.
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A denúncia, apresentada pelo diário Teerã Times, porta-voz em inglês do regime dos aiatolás, afirma que no dia 17 de junho o brigadeiro-general israelense Kobi Mandelblit determinou, no contexto do operação Leão Ascendente, que é crime informar sobre impactos de mísseis próximos a instalações militares ou localizar acertos em prédios ligados à segurança pública.
Diz o jornal que:
Ao mesmo tempo a decisão torna ilegal qualquer menção ao lançamento de interceptadores ou imagens do impacto de mísseis, inclusive em postagens em redes sociais, a não ser que com aprovação estatal prévia.
No dia 19, a polícia de Haifa impediu que equipes de reportagem continuassem a trabalhar no registro de ataques à refinaria de petróleo ou ao sistema de energia, inclusive confiscando câmeras e cartões de memória.
Haifa é o principal porto de Israel, responsável por 40% das importações do país.
Israel estaria conduzindo os repórteres apenas a coberturas "que interessam".
"Arquitetura do silêncio"
Sempre de acordo com os iranianos, Israel está colocando em prática uma "arquitetura do silêncio" e apertando o cerco contra emissoras como a Al Jazeera, baseada no Catar, cujos repórteres já haviam sido banidos do país.
Nos necrotérios subterrâneos dos hospitais militares de Israel, enfermarias superlotadas com feridos estão sendo escondidas do público.
O texto não oferece provas. Cita o analista egípcio Bashir Abdelfatah, que fala que "há segredo e censura sobre mais de mil feridos".
Por outro lado, sempre segundo os iranianos, há uma grande campanha de desinformação. A Meta teria processado mais de 90 mil pedidos de Israel para derrubar postagens em 24 horas, usando o algoritmo para empurrar conteúdo oficial de autoridades de Israel.
Uma rede de robôs digitais conhecida como Hazbara 2.0 estaria voltada a atacar críticos de Israel com acusações de antissemitismo.
A empresa israelense Percepto International teria sido convocada para usar robôs de Inteligência Artificial como se fossem gente de verdade, ajudando a influenciar a opinião pública do Ocidente e evitando perguntas sobre os custos humanos da guerra.
De acordo com o diário, ex-integrantes da Unidade 8200, ligados à inteligência de Israel, estariam pautando publicações importantes, como a agência Reuters, o Wall Sreet Journal e o Axios.
O objetivo central é vender a campanha militar contra o Irã antecipadamente como "vitoriosa" e diminuir o fato de que os mísseis iranianos acabaram com a imagem de invulnerabilidade de Israel.
De acordo com a publicação, para enfrentar os ataques Israel está gastando U$ 200 milhões por dia em mísseis interceptadores.
O Irã admite que Israel matou 330 iranianos e feriu mais de 1.800 desde que iniciou a ofensiva, na sexta-feira da semana passada.