CRIME DE GUERRA

VÍDEO: Brasileiro que sobreviveu a ataque de drones contra navio de ajuda a Gaza se pronuncia

Thiago Ávila, um dos membros da missão humanitária Flotilha da Liberdade, reapareceu após horas incomunicável e culpou Israel pelo ataque ao navio na costa de Malta

O ativista brasileiro Thiago Ávila, que estava em navio atacado por drones na costa de Malta.Créditos: Reprodução/Instagram
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De BERLIM | Após horas incomunicável, o ativista brasileiro Thiago Ávila reapareceu nesta sexta-feira (2) e acusou diretamente o Estado de Israel pelo ataque ao navio Conscience, que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Em vídeo publicado nas redes sociais, Ávila classificou o episódio como um “crime de guerra” e denunciou a tentativa de Israel de afundar a embarcação com dois drones, em águas internacionais na costa de Malta.

“Foi um ato de violação do direito internacional, um ato não provocado contra uma ação não violenta, uma ação humanitária”, afirmou o ativista, que atua como coordenador internacional da Flotilha da Liberdade.

A missão, composta por cerca de 30 ativistas de mais de 20 países, tentava romper o bloqueio israelense que há quase dois meses impede a entrada de alimentos, água e medicamentos em Gaza. “Gaza está sob cerco total há 58 dias e há 573 dias numa escalada de genocídio, vivendo sob cerco ilegal há 18 anos”, reforçou Ávila.

Ajuda sob ataque

O ataque ocorreu na madrugada de sexta-feira, quando o navio foi atingido por ao menos dois drones. O gerador da embarcação foi danificado, provocando um incêndio e deixando o Conscience à deriva, sem energia. Imagens divulgadas pela missão mostraram dois pontos de perfuração no casco do navio.

Apesar do fogo e dos danos estruturais, nenhum tripulante morreu. Segundo informações divulgadas pela própria Flotilha e confirmadas por fontes locais, quatro pessoas tiveram ferimentos leves. A Guarda Costeira e autoridades maltesas auxiliaram na contenção do incêndio, mas os ativistas se recusaram a abandonar a embarcação.

Thiago Ávila reforçou o caráter pacífico da missão e lembrou que “os tratados internacionais, a Carta da ONU, o Conselho de Segurança e a Corte Internacional de Justiça determinaram a entrada de ajuda humanitária em Gaza”. Ele também citou que o Tribunal Penal Internacional já julgou procedente a denúncia de genocídio praticado pelo Estado de Israel.

Veja vídeo: 

“Vamos navegar enquanto a Palestina não for livre”

Em seu depoimento, Ávila relembrou o ataque de 2010 à primeira Flotilha da Liberdade, no qual militares israelenses mataram nove ativistas a bordo do navio Mavi Marmara. Agora, passados 15 anos, ele denuncia a repetição de uma agressão contra civis desarmados em missão humanitária.

“Ainda bem que dessa vez não morreu ninguém, mas é preciso denunciar: foi uma tentativa de impedir a ajuda humanitária de chegar a Gaza”, disse. Ele também destacou que a missão da flotilha representa o que os governos deveriam estar fazendo: “Quando os governos falham, nós navegamos”.

“Nós não vamos abandonar o povo palestino. Vamos navegar enquanto a Palestina não for livre, em solidariedade a esse povo que resiste à mais cruel e sangrenta ditadura naquela região”, concluiu.

Governo de Israel silencia; Malta minimiza

O governo de Israel não se pronunciou oficialmente sobre o ataque. Já o governo de Malta, apesar das evidências de que uma aeronave militar israelense sobrevoou seu espaço aéreo sem autorização horas antes do ataque, negou qualquer violação de sua soberania. Dados de rastreadores de voo confirmaram que um avião C-130 Hercules permaneceu cerca de três horas sobre o território maltês, segundo o Times of Malta.

A atitude omissa de Malta foi criticada por opositores locais. O Partido Nacionalista cobrou explicações do governo e pediu maior vigilância sobre o Banco de Hurd, área marítima próxima de onde ocorreu o incidente.

Apelo à mobilização

Ao final de seu vídeo, Ávila fez um apelo global:

“É muito importante que vocês divulguem. Que a gente pressione os nossos países para romper relações com Israel, para parar com a cumplicidade e deter o genocídio. Essa é a tarefa mais importante da nossa geração.”

Ele também convocou apoio às próximas missões da Flotilha e à continuidade da ação humanitária:

“Peço que vocês levem essa mensagem adiante para que mais pessoas se sintam encorajadas nas próximas missões. Quando a gente conseguir consertar o Conscience, a gente segue viagem rumo a Gaza.”

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