A visita do Rei Charles III em Ottawa, no Canadá, reuniu diversos políticos canadenses, mas a ausência da primeira-ministra* da província de Alberta, Danielle Smith, chamou a atenção.
Como destaca o site canadense Gzero, Smith já vinha demonstrando descontentamento com o governo federal e aproveitou a ocasião para fazer exigências relacionadas à indústria de petróleo e gás de Alberta.
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Entre as demandas estavam a construção de um novo oleoduto, a flexibilização de regulamentações ambientais e o fim de restrições à exportação de petróleo. Ela deixou evidente que espera respostas rápidas, insinuando que a falta de ação poderia alimentar as discussões sobre a independência de Alberta, uma possibilidade que tem ganhado força na província.
Separatismo
Levantamento divulgado pela CBC News em maio mostra que 67% discordaram da separação em relação ao Canadá, enquanto 30% concordaram. O resultado foi quase idêntico ao de uma pesquisa semelhante que fez a mesma pergunta cinco anos antes, contudo, a força do apoio entre os separatistas de Alberta aumentou. Em maio de 2020, apenas 12% concordavam "fortemente", já em maio de 2025, esse número havia aumentado para 17%.
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Apesar de pesquisas locais indicarem que a maioria dos habitantes de Alberta ainda prefere ser canadense, o movimento separatista tem ganhado terreno politicamente. E a premiê apresentou uma lei que facilitou a convocação de um referendo, reduzindo em centenas de milhares o número de assinaturas necessárias.
Com a mudança, o Alberta Prosperity Project, um grupo que planejava uma petição para um referendo sobre soberania, afirma ter agora um número suficiente de pessoas registradas online para atingir o novo limite.
Conflito interno
O primeiro-ministro do país, Mark Carney, eleito em março, enfrenta a difícil tarefa de equilibrar os interesses regionais de Alberta com os nacionais, especialmente em questões energéticas e ambientais. Ele prometeu agilizar aprovações regulatórias e ajudar a indústria de petróleo a acessar novos mercados, mas enfrenta resistência de outras províncias e de eleitores preocupados com as mudanças climáticas.
Por trás do movimento separatista está a ideia de que o lado ocidental canadense seria um motor econômico fundamental para o resto do país e estaria contribuindo mais do que recebe em troca. Smith e outros líderes de Alberta também afirmam que as metas climáticas dos liberais são ruins para os negócios na área petrolífera.
Um dos cenários propostos é a saída de Alberta para se tornar um país independente. Outro cenário inclui Saskatchewan, outra província que, junto com Alberta, votou majoritariamente nos conservadores nas eleições. O novo país poderia incluir ainda o norte rural da Colúmbia Britânica, segundo o site CBC.
Além do impasse interno, o movimento separatista de Alberta desperta preocupações geopolíticas, com Donald Trump frequentemente mencionando a possibilidade de anexação do Canadá, hipótese defendida por uma parte minoritária da classe política de Alberta.
* O sistema político do Canadá é federalista e cada província e território tem sua própria estrutura governamental e um chefe de governo chamado primeiro-ministro provincial (em inglês, “premier”). O cargo é semelhante ao que faz primeiro-ministro em nível nacional.