A Bolívia enfrenta um momento decisivo em meio à escassez de diesel que paralisa setores inteiros da economia e desencadeia uma crise política sem precedentes.
Nesta quarta (14), o presidente Luis Arce anunciou que não concorrerá à reeleição, alegando que a prioridade deve ser a estabilidade nacional diante do desabastecimento que afeta todo o território do Estado Plurinacional.
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No mesmo dia, o Tribunal Constitucional do país decidiu vetar a candidatura do ex-presidente Evo Morales, baseando-se na interpretação de que ele já excedeu o limite de mandatos permitido — Morales governou a Bolívia por dez anos, entre 2006 e 2019, até ser destituído por um golpe de estado patrocinado pelos EUA.
A decisão elimina, ao menos por ora, as duas principais lideranças do Movimiento al Socialismo (MAS) da disputa presidencial marcada para o final de 2025.
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Nos últimos meses, o racha entre Morales e Arce colocou a situação da esquerda boliviana em absoluta divisão.
A exclusão de Morales pode ser contestada por seus apoiadores, incluindo setores organizados de produtores de cocalero — tradicional base de sustentação do ex-presidente — que já demonstraram disposição para reagir politicamente à decisão judicial.
Com Arce fora por escolha e Morales barrado judicialmente, a esquerda boliviana deve apostar suas fichas em Andrónico Rodríguez, senador e uma das lideranças emergentes do MAS.
Rodríguez tem buscado se apresentar como figura de equilíbrio dentro do movimento, tentando unir as alas ligadas tanto a Arce quanto a Morales.
Ligado ao movimento cocalero e hábil político, com experiência como presidente do Senado, Andrónico — que chegou a ser cogitado como sucessor de Evo em 2020 — é visto como o melhor nome para unificar a esquerda.Nas últimas semanas, ele apareceu à frente em algumas pesquisas, embora a corrida ainda esteja indefinida.
Seu principal adversário deverá ser o ex-prefeito de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, empresário identificado com setores conservadores e liberais. Outros setores tradicionais da direita boliviana, como os ex-presidentes Carlos Mesa e Tuto Quiroga, além do "bolsonaro boliviano" Fernando Camacho também disputam espaço para tentar concorrer com o MAS no primeiro turno.