DIPLOMACIA

O que Trump e Zelensky conversaram no funeral do Papa

Tradicional mediador em conflitos internacionais, Vaticano volta a servir de palco para decisões que podem definir o futuro da Ucrânia

Encontro de Zelensky e Trump na Basílica de São Pedro, antes do funeral do Papa Francisco.Créditos: Presidência da Ucrânia
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Os presidentes Donald Trump e Volodymyr Zelensky mantiveram uma conversa privada de 15 minutos durante o funeral do Papa Francisco no Vaticano, em meio a crescentes esforços americanos para mediar o fim da guerra na Ucrânia. O diálogo, descrito como "produtivo" pela Casa Branca, ocorreu sem a presença de assessores e pode levar a novas negociações ainda neste sábado (27).

O encontro acontece em um momento crítico, com a administração Trump pressionando por um acordo de paz antes do prazo autoimposto de 100 dias de governo. A reunião ocorreu poucas horas após o enviado especial americano Steve Witkoff se encontrar com Vladimir Putin no Kremlin - a quarta visita deste tipo desde janeiro. Fontes russas descreveram as conversas como "construtivas e úteis".

Esta foi a primeira reunião presencial entre os líderes desde o polêmico encontro de fevereiro na Casa Branca, quando Trump repreendeu publicamente Zelensky por "falta de gratidão" pelo apoio militar americano.

Na ocasião, testemunhas relataram tensão, com o presidente ucraniano sendo praticamente expulso do Salão Oval após discussões sobre as negociações de paz.

Duas visões dividem a mesa de negociações: 

Posição ucraniana/europeia

  • Cessar-fogo imediato

  • Discussões posteriores sobre status de territórios ocupados
  • Garantias de segurança no modelo do Artigo 5 da OTAN

Plano americano

  • Reconhecimento da Crimeia como território russo
  • Suspensão imediata de sanções econômicas à Rússia
  • Garantia de que a Ucrânia não ingressará na OTAN

Obstáculos

A questão da Crimeia representa a maior barreira. A anexação da península pela Rússia em 2014 nunca foi reconhecida internacionalmente. Zelensky já declarou que qualquer reconhecimento formal violaria a constituição ucraniana, afirmando nesta semana que "não há nada a discutir" sobre o tema.

Fontes diplomáticas revelam que os EUA intensificaram sua postura nos últimos dias, ameaçando abandonar as negociações "em questão de dias" se não vislumbrarem progressos concretos. Enquanto isso, líderes europeus como Emmanuel Macron (França) e Keir Starmer (Reino Unido) participam ativamente das discussões no Vaticano, buscando equilibrar a pressão americana com os interesses ucranianos.
As equipes diplomáticas trabalham para organizar novos encontros ainda neste sábado. Analistas apontam três cenários possíveis: De uma lado, um acordo rápido sob termos americanos. Por outro lado, o prolongamento das negociações com concessões mútuas; ou ainda, o colapso diplomático e retomada de hostilidades. 

O Vaticano, tradicional mediador em conflitos internacionais, serve agora como palco para decisões que podem redefinir não apenas o futuro da Ucrânia, mas o equilíbrio geopolítico da Europa Oriental. 

*Com informações de CNN 

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