O contrabando de ovos na fronteira entre Tijuana, no México, e San Diego, nos Estados Unidos, superou em volume as apreensões de drogas na região, segundo dados das autoridades estadunidenses. Em março de 2025, houve um aumento de 158% nas apreensões de ovos contrabandeados, em comparação com outubro de 2024.
A crise no abastecimento de ovos nos EUA tem origem na gripe aviária, que desde 2022 já resultou no abate de quase 123 milhões de aves em 49 estados. O impacto da doença fez com que o preço do produto dobrasse no último ano.
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Em janeiro de 2025, a dúzia de ovos atingiu US$ 5,90, enquanto no México, o mesmo produto custa menos de US$ 2, tornando-se uma opção atraente para consumidores que atravessam a fronteira.
Porém, o contrabando de ovos é ilegal nos EUA, devido aos riscos sanitários e à possível disseminação de doenças aviárias. O U.S. Customs and Border Protection (CBP) tem intensificado as apreensões, com um aumento de 36% nos últimos cinco meses, resultando na aplicação de multas que podem chegar a US$ 10 mil para quem tentar entrar com o produto sem declaração.
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Diante do cenário crítico, o governo dos EUA busca alternativas para mitigar a escassez. A Turquia anunciou um acordo para exportar 15 mil toneladas de ovos para os EUA até julho de 2025, como parte dos esforços para estabilizar o mercado.
Tráfico de drogas e crise do fentanil continuam a preocupar os EUA
Apesar do aumento no contrabando de ovos, o tráfico de drogas entre México e EUA continua sendo um desafio prioritário. Recentemente, a Secretaria de Marinha do México desmantelou um laboratório clandestino em Zacatecas, confiscando 27 toneladas de metanfetamina, o equivalente a mais de 698 milhões de doses.
Outro grande problema é o fentanil, um opioide sintético extremamente potente, responsável por milhares de mortes por overdose nos EUA. Desde 2021, o México confiscou 5,4 toneladas da substância, sendo 95% das apreensões concentradas nos estados de Sinaloa, Sonora e Baja California.
O presidente dos EUA, Donald Trump, tem pressionado o México para conter o tráfico da droga, ameaçando designar os cartéis como organizações terroristas. Em fevereiro de 2025, Trump anunciou uma tarifa de 25% sobre produtos mexicanos e canadenses, justificando a medida pelo fluxo contínuo de fentanil para os EUA.
A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, comprometeu-se a intensificar os esforços para impedir o tráfico da droga, destacando uma redução significativa nas apreensões nos últimos meses.
No Brasil, ovo também dispara de preço e preocupa governo Lula
A alta no preço dos ovos não se restringe aos Estados Unidos. No Brasil, o ovo branco – o mais consumido – teve um aumento de até 67,1% em 2025, segundo dados do setor. Fatores como altos custos de produção, clima extremo e aumento da demanda na Quaresma impulsionaram a valorização do produto.
Em algumas regiões, o preço de uma caixa com 30 ovos chegou a R$ 40, enquanto, no início de 2024, o mesmo item custava R$ 24.
O presidente Lula criticou a alta dos preços e cobrou explicações do mercado. Durante um evento em Sorocaba (SP), no dia 14 de março, ele questionou o motivo do aumento e sugeriu que poderia haver práticas abusivas na cadeia de distribuição.
"Eu estou querendo descobrir onde é que teve um ladrão que passou a mão no direito do povo brasileiro de comer ovo. O povo brasileiro come, em média, 260 ovos por ano. É pouco, não dá nem um por dia [...] Mas sabe quantos ovos o Brasil vai produzir este ano? 59 bilhões de ovos. Então, não tem explicação esse ovo estar caro, alguém está passando a mão. Esse é o dado concreto, e nós queremos saber quem é", declarou Lula.
A declaração do presidente reforça a preocupação do governo com a alta no preço dos alimentos básicos, e a equipe econômica já estuda medidas para investigar a formação de preços no setor.
Crise no abastecimento e impacto global
A atual crise nos preços dos ovos demonstra como fatores como epidemias, políticas comerciais e variações na cadeia de suprimentos podem impactar economias em diferentes partes do mundo.
Nos EUA, a combinação da gripe aviária com as tensões comerciais com o México levou ao aumento do contrabando. No Brasil, questões climáticas e custos elevados na produção têm pressionado os preços para os consumidores.
A complexa dinâmica entre escassez de alimentos, aumento do tráfico ilegal e medidas governamentais para mitigar impactos reforça a necessidade de cooperação internacional e políticas eficazes para garantir estabilidade no mercado e segurança alimentar.
Com informações do New York Post