O magnata mexicano Carlos Slim, empresário considerado a pessoa mais rica da América Latina, com fortuna estimada em US$ 93 bilhões — e apelidado de 'Midas', em referência ao mito grego do rei da Frígia, que transformava tudo que tocava em ouro, por sua habilidade de "transformar atividades decadentes em lucrativas" — anunciou um rompimento de contrato entre a América Móvil (AMX), sua empresa de telecomunicações, e a Starlink, empresa de internet via satélite de Elon Musk.
O rompimento veio em forma de retaliação a um ataque pessoal de Musk ao bilionário e CEO da AMX, principal operadora telefônica da América Hispânica e responsável, no Brasil, pela Claro — que incorpora Embratel e Net.
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No dia 23 de janeiro, Musk compartilhou uma publicação acusatória na rede social X, antigo Twitter, que dizia:
"Carlos Slim é um bilionário mexicano com fortuna de mais de US$ 70 bilhões. Ele é o maior acionista em ações negociadas publicamente do The New York Times.
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Ele também é conhecido por ter laços significativos com os cartéis de drogas no México. Você não se torna bilionário no México sem fazer parte da rede que é controlada e protegida.
O NYT sabe com quem seus donos estão conectados e está promovendo a narrativa que apoia os interesses comerciais de Carlos Slim e seus parceiros."
A publicação em questão respondia a uma outra, que trazia uma chamada do New York Times, um dos veículos de notícias mais importantes da mídia norte-americana, intitulada "Como rotular Cartéis 'terroristas' poderia prejudicar a economia dos EUA".
Slim considerou o endosso de Musk à acusação, dado a partir do compartilhamento da série de publicações — com o uso de um emoji "pensativo" — uma ofensa pessoal, e determinou que a América Móvil não terá mais parceria de provimento de rede por satélite com a empresa de Musk, a Starlink, que opera, por exemplo, em suporte de telefonia móvel à Claro na América Latina, como complemento à sua cobertura em áreas que a rede fixa não alcança.
Slim é acionista majoritário do The New York Times, e aumentou sua participação no jornal, que era de 8%, para 16,8% em janeiro deste ano.
Apesar da acusação de seu envolvimento com carteis, nem Musk nem seus apoiadores apresentaram provas e evidências concretas dessa relação.
Filho de imigrantes libaneses que desembarcaram em 1940 na Cidade do México, Slim começou a construir seu império há décadas, com investimentos iniciais em imóveis e algumas ações que adquiriu em baixa temporada para vender depois da crise.
Formado em Engenharia Civil pela Universidade Nacional Autônoma do México, foi professor de Álgebra na instituição e, em 1965, fundou uma corretora de investimentos, a Inversora Bursatil.
Em 1966, fundou a Imobiliária Carso, hoje chamada Inversiones (investimentos).
A partir de 1980, tornou-se um investidor multifacetado, presidindo a holding Grupo Carso, que aplicava fundos em áreas como comércio, infraestrutura, indústria, energia e desenvolvimento.
Além dela, Slim ainda mantém negócios nos setores de mineração, imobiliário e de telecomunicações, como é o caso da América Móvil, que surgiu após ter adquirido a antiga estatal mexicana de telefonia, Telmex, por US$ 1,76 bilhão, em 1990.