Após a União Europeia anunciar seu plano de rearmamento que deve envolver um total de 800 bilhões de euros, o líder de um dos países que faz parte do bloco manifestou intenção de equipar suas forças armadas com armas nucleares.
"A Polônia deve alcançar as capacidades mais modernas, mesmo em armas nucleares e armas não convencionais modernas”, disse na sexta-feira o primeiro-ministro do país, Donald Tusk. Ele destacou que “esta é uma corrida pela segurança, não pela guerra”.
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Em seu discurso na Câmara polonês, Tusk citou o exemplo da Ucrânia para justificar sua proposição. Em 1994, o governo ucraniano assinou o Memorando de Budapeste com a Rússia, pelo qual desistiu de seu arsenal atômico da era soviética em troca do reconhecimento de sua integridade territorial. Vinte anos depois, o Kremlin anexou a Crimeia e, há três anos, entrou em conflito bélico contra Kiev.
Anseio nuclear
Antes, a Polônia já havia manifestado sua intenção de abrigar armas nucleares de países-membros da Otan. Em 2014, o então vice-ministro da defesa Tomasz Szatkowski declarou pela primeira vez o desejo do país de abrigar um arsenal nuclear após a Rússia ocupar e anexar a Crimeia. Os Estados Unidos, que possuem as armas que os poloneses pretendem ter em seu território, negaram negociações oficiais sobre o assunto desde então.
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Em 30 de junho de 2023, o então primeiro-ministro Mateusz Morawiecki declarou o interesse do país em hospedar armas nucleares sob a política de compartilhamento nuclear da Otan, citando a implantação de armas nucleares russas em sua região de Kaliningrado e na Bielorrússia.
Apesar deste histórico, é a primeira vez que a Polônia sugere desenvolver seu próprio arsenal em resposta a uma potencial agressão russa e a uma temida retirada dos EUA da organização ou a manutenção de uma posição dúbia por parte da administração de Donald Trump.
Briga com Elon Musk
A declaração, contudo, não representa qualquer afastamento polonês da Otan, reiterou Tusk. “A Polônia não está mudando sua opinião sobre a necessidade absolutamente fundamental de manter os laços mais próximos possíveis com os Estados Unidos e a Otan”, apontou.
As relações com os estadunidenses, no entanto, pioraram com Trump. Neste domingo (9), o bilionário e conselheiro do presidente dos EUA, Elon Musk, e o secretário de Estado do país, Marco Rubio, trocaram farpas com o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, na plataforma X.
Sikorski sugeriu que a Polônia, que paga os custos da Starlink da Ucrânia para ajudá-la no embate com a Rússia, pode ter que procurar fornecedores alternativos se a rede de satélites de Musk provar ser um "provedor não confiável".
A mensagem do dirigente veio após uma resposta de Musk a outro usuário da rede social. “Eu literalmente desafiei Putin para um combate físico um a um sobre a Ucrânia e meu sistema Starlink é a espinha dorsal do exército ucraniano. Toda a linha de frente deles entraria em colapso se eu o desligasse”, disse o bilionário.
Rubio logo saiu em defesa de Musk. “E diga 'obrigado' porque sem a Starlink a Ucrânia teria perdido esta guerra há muito tempo e os russos estariam na fronteira com a Polônia agora mesmo”, postou o secretário de Estado dos EUA em resposta ao ministro polonês.
Investimentos poloneses em Defesa
Varsóvia já tem o maior orçamento de defesa entre os membros da Otan, gastando atualmente 4,1% do seu PIB. A meta para 2025 é de 4,7%.
E a maioria dos seus sistemas de armas é comprada diretamente dos Estados Unidos, o que envolve equipamentos que vão desde os tanques Abrams a jatos de caça F-35, passando por veículos blindados e sistemas antiaéreos Patriot.
Tusk anunciou também sua intenção de aumentar substancialmente o contingente do exército para atingir 500 mil soldados. Atualmente, são cerca de 200 mil, o que já coloca a Polônia como o terceiro maior exército da Otan atrás de Estados Unidos e Turquia.
Com informações do Eunews.