O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou mais uma medida que reforça seu negacionismo climático, ao mandar retirar sites governamentais que expõem informações sobre crise climática. A medida foi anunciada por meio de um decreto.
Um dos alvos foi o Departamento da Agricultura, que precisou remover páginas com informações sobre mudanças climáticas. Segundo o jornal The Guardian, também ficaram fora do ar os sites USFS Climate Change Resource Center, o Climate Action Tracker e o National Roadmap for Responding to Climate Change. Esses endereços fornecem informações para conectar pessoas a ações, programas e iniciativas que combatem a crise climática.
Te podría interesar
A ordem executada pelo governo Trump foi de “identificar e arquivar ou despublicar quaisquer páginas de destino focadas em mudanças climáticas”. Desse modo, os sites precisavam documentar todos os conteúdos relacionados ao tema para a revisão do governo.
“O USDA precisa aderir aos requisitos em torno da retenção de registros, então arquive ou cancele a publicação de páginas de destino focadas em mudanças climáticas”, dizia um e-mail enviado aos funcionários do Departamento de Agricultura, de acordo com o The Guardian.
Te podría interesar
Até o momento de publicação desta matéria, uma das páginas que estão fora do ar é do Serviço Florestal, conforme constatou a Fórum. O site fornecia informações sobre incêndios florestais e pesquisas de adaptação climática.
O diretor do Environmental Data and Governance Initiative (Iniciativa de Dados Ambientais e Governança, em português), Gretchen Gehrke, lamentou a ordem de Trump. “Isso é ridículo”, afirmou à Bloomberg. “O fato de que precisamos nos proteger contra a supressão generalizada de informações de dados é realmente revelador do tipo de momento em que estamos. Uma marca registrada da democracia é a informação livre e aberta para uma república informada. O fato de que isto esteja em risco é realmente profundamente preocupante”, disse.
Em seu primeiro mandato, Trump mandou retirar do ar mais de 200 páginas com informações climáticas, de acordo com levantamento da Environmental Data & Governance Initiative, que também rastreia mudanças em sites governamentais do governo Trump.
Os sites que devem ser afetados pela decisão de Trump são o Programa de Avaliação e Inventário de Gases de Efeito Estufa para o setor agrícola, além da 5ª Avaliação Climática Nacional.
Trump retira EUA do Acordo de Paris
Ao assumir a presidência dos EUA no dia 20 de janeiro, Trump oficializou a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris. É a segunda vez que o país abandona o pacto climático. O anúncio foi feito em um evento em Washington, logo após sua cerimônia de posse onde. Diante de uma plateia de apoiadores, o mandatário assinou uma ordem executiva criticando o que chamou de "acordo injusto e unilateral".
Trump também anunciou uma série de ações para reverter políticas ambientais da administração anterior. A promessa é expandir ainda mais a produção de combustíveis fósseis. Entre os ataques aos esforços para transição energética limpa, ele classificou como "um golpe verde", defendendo a remoção de limites à exploração de petróleo e gás.
A indústria de petróleo e gás, que já atinge produção recorde, foi um dos principais financiadores de sua campanha, com doações que ultrapassaram US$ 75 milhões.
Segundo estimativas, o retorno de Trump ao poder e suas políticas pró-combustíveis fósseis podem adicionar cerca de 4 bilhões de toneladas de emissões de carbono aos níveis norte-americanos até 2030.
LEIA TAMBÉM: Os impactos da saída dos EUA do Acordo de Paris para a crise climática
Siga o perfil da Revista Fórum e da jornalista Júlia Motta no Bluesky.