O governo argentino de Javier Milei conseguiu barrar no Senado a criação de um comitê que investigaria o chamado criptogate, escândalo que envolve o presidente, sua irmã e outras pessoas de seu entorno.
Era necessário o apoio de dois terços dos parlamentares e a proposta recebeu 47 votos favoráveis, um a menos do que era preciso, com 23 contrários.
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Segundo o Pagina12, a pressão da Casa Rosada sobre os governadores da União Cívica Radical (UCR) surtiu efeito, com os senadores da legenda ficando ao lado de Milei.
Uma das mudanças de posição que causou mais estranheza foi a de Eduardo Vischi, líder do partido e um dos principais impulsionadores do projeto de criação de uma comissão investigativa sobre o escândalo. Mesmo sendo um dos signatários da proposta, na hora de votar, optou por rejeitá-la.
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Outros seis parlamentares da UCR, que haviam votado pela autorização para que o Senado tratasse o tema, mudaram de posicionamento.
O que é o criptogate
No dia 14 de fevereiro, Javier Milei publicou em sua conta na rede social X uma postagem promovendo um novo token digital chamado $LIBRA. Ele afirmava que o projeto serviria para financiar pequenas empresas e empreendimentos locais na Argentina.
Com o endosso do presidente argentino, a capitalização de mercado da nova criptomoeda subiu para US$ 4,6 bilhões, graças a aproximadamente 40 mil compradores. Na sequência, após poucas horas, o valor da criptomeda desabou com um pequeno grupo de carteiras digitais retirando quase US$ 90 milhões.
Empresas de inteligência da área identificaram transações suspeitas sugerindo um esquema de rug pull, um tipo de golpe em que os desenvolvedores de um projeto abandonam o empreendimento repentinamente, levando junto os fundos dos investidores, deixando-os com ativos sem valor. Segundo uma publicação do The Solana Post, a operação afetou 74.698 pessoas que perderam mais de 286 milhões de dólares.
Na madrugada do dia 15, Milei deletou sua postagem e postou uma nova publicação no X. "Há algumas horas publiquei um tweet, como tantas outras inúmeras vezes, apoiando um suposto empreendimento privado com o qual obviamente não tenho ligação. Não conhecia os detalhes do projeto e após me inteirar decidi não continuar divulgando (por isso apaguei o tweet)", disse ele.