Em uma sessão da Câmara Baixa do Parlamento russo (Duma), ocorrida nesta quarta-feira (19), o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, enfatizou a importância do BRICS (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na geopolítica do conflito entre Rússia e Ucrânia, de forma a “impedir o Ocidente de impor a agenda” daquele país.
O discurso vem em meio às negociações que buscam finalizar a guerra travada, desde 2022, entre a Rússia e seu vizinho. De acordo com o chanceler russo, o BRICS foi essencial, enquanto "parceiro no Sul Global", para garantir uma influência multipolar compartilhada.
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Para ele, o "Ocidente coletivo", como se refere aos países hegemônicos, "ainda quer manter sua antiga dominância", enquanto os BRICS e o leste europeu são "civilizações únicas unidas pelo desejo por um desenvolvimento progressivo, sem pressão externa".
Lavrov, no entanto, também elogiou a atitude de Donald Trump diante do conflito. Para ele, o chefe de Estado norte-americano foi "o primeiro e único líder ocidental" a ter afirmado publicamente a “imprudência das antigas administrações” (referindo-se, em especial, ao legado de Joe Biden) ao "atrair" a Ucrânia à Otan.
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Foi a administração de Biden que sugeriu que a Ucrânia pudesse se unir à aliança militar, atitude que chegou a ser considerada um erro por Trump.
Quando faltavam duas semanas para sua posse como presidente dos Estados Unidos, Trump disse, durante uma coletiva de imprensa, que "entendia" os sentimentos da Rússia a respeito da aproximação entre o bloco militar e o vizinho da potência ao leste.
"Uma grande parte do problema", ele disse, "é que a Rússia, por muitos, muitos anos, antes mesmo de Putin, já havia dito: 'Você não pode envolver a Otan com a Ucrânia'. Isso estava escrito em pedra".
Trabalho em conjunto
Por isso, Lavrov se mostrou favorável à ideia de trabalhar em conjunto com Trump para "limpar o legado da administração de Joe Biden", que ele sugere ter destruído a "parceria de longo prazo" entre EUA e Rússia.
Ao longo dos últimos quase três anos de conflito entre Rússia e Ucrânia, as nações do BRICS se mantiveram à parte das iniciativas russas, e chegaram a condenar sua invasão à Ucrânia, mas auxiliaram a posição do país diante das represálias imputadas por nações da União Europeia e pelos próprios EUA — atuando como frente sobretudo nos fóruns internacionais da Organização das Nações Unidas (ONU), posicionando-se de forma contrária às crescentes sanções ocidentais contra importações russas e mantendo suas relações econômicas normais com o país.
