A manobra de Javier Milei contra investidores, envolvendo a moeda $LIBRA, desencadeou uma crise sem precedentes para o presidente da Argentina.
Na sexta-feira (14), o mandatário publicou em sua conta na rede social X (antigo Twitter) uma postagem celebrando o que chamou de crescimento do liberalismo na Argentina. No mesmo texto, ele promoveu um novo token digital chamado $Libra, afirmando que o projeto serviria para impulsionar a economia do país, financiando pequenas empresas e empreendimentos locais.
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A publicação incluía um link para o site do projeto, a identificação do token e o contrato da criptomoeda, permitindo que investidores interessados pudessem adquiri-la.
O impacto foi imediato: em poucos minutos, a $Libra movimentou milhões de dólares. No entanto, o entusiasmo durou pouco, e a criptomoeda sofreu uma desvalorização abrupta, resultando em grandes perdas para os investidores. O esquema é chamado de rug pull (puxada de tapete, em inglês).
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A manobra causou prejuízos milionários, inclusive para investidores estrangeiros. Tudo indica que a ideia de Milei foi replicar o golpe da criptomoeda $TRUMP, realizado pelo ex-presidente dos EUA antes de sua posse.
O responsável pela operação, o estadunidense Hayden Mark Davis, que se reuniu com o presidente argentino em 30 de janeiro deste ano, afirmou que não repassará o dinheiro a Milei caso a operação não seja devidamente explicada.
"Não vou liberar o dinheiro até obter uma resposta de Javier Milei e sua equipe. Por isso, dei a ele um prazo de 48 horas", declarou Davis. "Se eles quiserem devolver o dinheiro, eu devolvo, mas ninguém me deu nenhuma explicação. Nada", completou.
Milei corre risco de cair?
Mais de 100 ações judiciais foram registradas contra Milei após o ocorrido, e a situação se transformou em uma crise sem precedentes para o governo argentino.
A Casa Rosada tenta minimizar os danos, e, nesta segunda-feira (17), o presidente concederá uma entrevista à emissora TN, do grupo Clarín, aliado do governo, na tentativa de reduzir os impactos da crise.
A vice-presidente Victoria Villaruel, conhecida por não ter uma boa relação com seu chefe, vai se reunir com a oposição e com a situação para definir a pauta do Senado ainda hoje.
Uma ala do kirchnerismo tenta viabilizar um impeachment contra o presidente, mas, segundo analistas consultados pela Fórum, o bloco legislativo de Milei não deve se desintegrar por conta desse episódio.
Contudo, um julgamento político pode abalar parcialmente a base de sustentação do governo, dificultando o trabalho do extremista de direita no congresso argentino.
No entanto, a avaliação geral é de que a confiança no presidente deve diminuir, o que pode ter um impacto significativo nas eleições legislativas marcadas para outubro, quando serão eleitos 127 deputados e 24 senadores.
O pleito é crucial, pois pode consolidar o poder de Milei no Legislativo ou, por outro lado, frear completamente sua influência caso o kirchnerismo conquiste votos suficientes para tirar a maioria do presidente, abrindo caminho para um governo paralisado até 2027.