O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira (10) a ordem executiva que impõe uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e 10% sobre as de alumínio, sem exceções ou isenções.
A medida, que entra em vigor em 12 de março, afeta diretamente o Brasil, segundo maior exportador de aço para os EUA em 2024, com 4,5 milhões de toneladas, segundo dados do American Iron and Steel Institute. O Canadá (6,56 milhões) será o maior impactado.
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No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que possíveis medidas de negociação ou retaliação só seriam tomadas a partir das decisões concretas dos EUA.
Aa medida representa um risco direto às exportações de aço. Empresas nacionais já avaliam estratégias para mitigar impactos, como diversificação de mercados.
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O Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) estuda os possíveis impactos das tarifas e de eventuais respostas. Enquanto isso, o governo Lula espera poder negociar diretamente com os EUA. A Índia de Narendra Modi também procura uma via de negociação.
Em discurso, Trump defendeu a medida como parte de um plano para "tornar a América rica novamente", afirmando que "a nação precisa que o aço e o alumínio sejam feitos nos EUA, não em terras estrangeiras".
Questionado sobre possíveis aumentos de preços para consumidores, respondeu: "No final, será mais barato". O presidente também sugeriu que outras tarifas poderiam ser aplicadas no futuro, incluindo setores como fármacos e chips de computador.
Impacto imediato e mira na China
A decisão gerou críticas de aliados históricos. O Canadá, maior fornecedor de aço e alumínio aos EUA, classificou as tarifas como "totalmente injustificadas".
François-Philippe Champagne, ministro da Inovação canadense, destacou que os metais do país "sustentam indústrias-chave nos EUA, como defesa, energia e automotivo". Grupos de lobby siderúrgicos canadenses pediram retaliação "imediata", enquanto Kody Blois, parlamentar do Partido Liberal, afirmou que o país busca reduzir a dependência comercial dos EUA: "Isso está destruindo uma parceria sólida".
Em 2018, durante seu primeiro mandato, Trump havia imposto tarifas de 25% sobre o aço e 15% sobre o alumínio, mas concedeu isenções a países como Canadá, México e Austrália após pressões.
Dados do American Iron and Steel Institute mostram que, entre 2017 e 2019, as importações de aço caíram 27% (10,2 milhões de toneladas), enquanto a produção doméstica subiu 7,5%.
O efeito, porém, foi efêmero: em 2020, a pandemia reduziu drasticamente a demanda, e a produção interna ainda não recuperou os níveis pré-tarifas.
Apesar de a China ser o maior produtor global de aço, ocupa apenas a 10ª posição nas exportações para os EUA (0,51 milhão de toneladas), reflexo das tarifas mantidas desde 2018.
Autoridades norte-americanas alegam que o aço chinês chega aos EUA por rotas indiretas, como reexportação por terceiros países ou rotulagem incorreta.
Um oficial da administração Trump explicou que as novas tarifas buscam fechar brechas, como a importação de aço semiacabado, processado em outros países para evitar tributos.
Apesar do discurso de "sem exceções", Trump suspendeu temporariamente as tarifas sobre México e Canadá até 1º de março, enquanto o Departamento de Comércio desenvolve um sistema de rastreamento para mercadorias de até US$ 800.
Paralelamente, na semana passada, o presidente impôs tarifa de 10% sobre todas as importações chinesas, levando a Pequim a retaliar com taxas sobre chips e metais.
Na Europa, a Comissão Europeia rejeitou as justificativas das tarifas, alertando que elas "aumentarão custos para empresas norte-americanas" e gerarão inflação.
França e Alemanha ameaçaram medidas de retaliação, seguindo o exemplo de 2018, quando a UE respondeu com tarifas sobre produtos como whiskey e motocicletas. "Um conflito tarifário só tem perdedores", disse Robert Habeck, vice-chanceler alemão