TIRO NO PÉ

Após apoio de Musk à extrema direita, vendas da Tesla caem quase 60% na Alemanha em janeiro

Fatores como a forte concorrência de outras empresas podem ter influenciado no desempenho, mas o comprometimento político do bilionário tem causado danos à marca

Elon Musk ao lado do Tesla Model S, em imagem de 2011 Créditos: Maurizio Pesce / CC BY 2.0
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As vendas de veículos elétricos da Tesla, do bilionário Elon Musk, em janeiro, caíram 59% na Alemanha em comparação com o mesmo mês do ano passado.

Os dados foram divulgados pela Autoridade Federal de Transporte Motorizado do país. A única fábrica europeia da companhia fica justamente em solo germânico e registrou 1.277 carros novos no país, menor número mensal visto desde julho de 2021.

O resultado vai na contramão do aquecimento das vendas de veículos elétricos na Alemanha, que cresceu 54% em janeiro. A participação de mercado da Tesla caiu de 14% para 4%. A empresa de Musk, que já foi a líder no segmento em 2022, agora amarga o terceiro lugar.

Apoio à extrema direita alemã

Em dezembro, Elon Musk manifestou apoio ao partido político de extrema direita alemão AfD (Alternativa para a Alemanha), gerando uma forte reação contrária de parte da população germânica.

No início do ano, repetiu o que havia feito na campanha presidencial dos Estados Unidos, quando convidou Donald Trump para uma conversa amigável em formato de entrevista, transmitida pela rede social X, chamando Alice Weidel, colíder e candidata a chanceler pela sigla extremista. 

Duas semanas depois, fez uma aparição surpresa durante o comício do partido em Halle, no leste do país, em 25 de janeiro. No discurso feito por videoconferência, Musk elogiou a AfD, defendendo a preservação do que chamou de cultura alemã e sugerindo que a legenda é "a melhor esperança para um grande futuro da Alemanha". 

Na ocasião, afirmou que "crianças não deveriam ser culpadas pelos pecados de seus pais ou bisavós", fazendo uma alusão ao passado nazista da Alemanha, e criticou o que chamou de "excesso de culpa histórica". 

Embora diversos fatores possam ter contribuído para a queda de vendas da Tesla, inclusive a forte concorrência, a postura do dono da companhia pode ter desempenhado um papel decisivo. "Ninguém quer ser associado ao comportamento de Musk", disse à AFP o especialista do setor automotivo na Alemanha, Ferdinand Dudenhöffer. Segundo ele, a marca e seu proprietário são "quase inseparáveis".

Vendas da Tesla desabam na Europa

Não foi só na Alemanha que a Tesla teve um desempenho ruim. As quedas puderam ser vistas em todo o continente europeu em janeiro.

Na Espanha, a redução de vendas chegou a 75,4%, e, na França, alcançou 63,4%. Também houve queda na Suécia (46%), Holanda (42,5%), Dinamarca (40,9%) e Noruega (40,2%).

No estado da Califórnia, o maior mercado para veículos elétricos nos EUA, a Tesla também viu as vendas de seus carros despencarem, analisando o desempenho em 2024. A companhia vendeu 12% a menos em comparação com 2023. Seu segundo veículo mais importante, o Model 3, teve redução de 36% no ano.

Segundo a Bloomberg, o envolvimento político do bilionário Elon Musk com Donald Trump e a extrema direita de vários países tem prejudicado a reputação da Tesla. As pontuações da pesquisa que mede o sentimento de confiança e simpatia em torno da fabricante de veículos elétricos atingiram seu nível mais baixo, desde pelo menos 2023, em novembro e janeiro, segundo dados da Caliber, uma empresa de análise de reputação de marca.

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