Como um de seus primeiros atos no dia de sua posse, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, perdoou quase todos os condenados por crimes associados à insurreição de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio, comutando ainda as sentenças de 14 pessoas.
Quase 1.600 pessoas foram acusadas e cerca de 1.300 condenadas por crimes cometidos naquele dia. Entre os alvos dos apoiadores de Trump estava um policial que foi espancado e atingido repetidamente com tasers.
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Imagens de câmeras corporais mostraram Michael Fanone sendo arrastado para a multidão por um dos manifestantes. Em seguida, o agente é contido e sofre os múltiplos ataques.
Em depoimento a um comitê do Congresso dos EUA, Fanone contou que sofreu um ataque cardíaco e lesão cerebral traumática. Após o testemunho, foi ameaçado. "Eu nem tinha terminado meu depoimento antes de receber a primeira ameaça", disse ele à ABC. "Eu era policial em 6 de janeiro de 2021, ouvi pedidos de socorro vindos de meus colegas policiais, respondi ao Capitólio e, como resultado, fui agredido e fiquei gravemente ferido", disse.
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Após o perdão concedido por Trump, Fanone diz temer pela sua segurança e a de seus familiares e pediu proteção a um tribunal estadunidense. "Esses indivíduos não estão impedidos de fazer contato comigo ou com membros da minha família, e acho que farão isso", acredita. "Sem mencionar as outras centenas de criminosos violentos libertados que me veem como um porta-voz da responsabilização daqueles que cometeram crimes em 6 de janeiro."
Medida que encoraja extremistas
Em entrevista ao site Advocate, a congressista da Califórnia Zoe Lofgren, integrante do comitê da Câmara que investigou o ataque, falou sobre as implicações do perdão dado pelo presidente dos EUA.
"Há um perigo lá fora. Alguns desses indivíduos que foram condenados por crimes violentos cometeram violência em anos anteriores, Lofgren apontou. "Provavelmente haverá alguns que serão presos por outros crimes, e tudo isso será culpa de Trump. Mas não podemos nos dar ao luxo de dar de ombros."
A parlamentar teme que a medida encoraje extremistas violentos e estabeleça um precedente perigoso. "Trump acaba de dizer aos extremistas violentos em nosso país que, se eles cometerem crimes em seu nome, não serão responsabilizados", alertou.
Invasor do Capitólio preso novamente
Uma das pessoas perdoadas por Trump já voltou à prisão. Daniel Charles Ball foi preso em Washington D.C. por conta de uma acusação de porte ilegal de arma. A denúncia foi apresentada pelo estado da Flórida contra ele em maio de 2023 e não se relaciona com a invasão do Capitólio.
O homem de 39 anos não poderia portar arma, pois já tinha outros dois indiciamentos criminais. Um por violência doméstica cometida em 2017, quando estrangulou uma mulher, e outro por bater em um policial em 2021.
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