BIG BROTHER

Trump tem um arsenal tecnológico para fazer a maior deportação da história dos EUA

Ferramentas avançadas, de rastreadores GPS a bancos de dados biométricos, impulsionam a maior operação de deportação da história dos EUA, enquanto a privacidade de milhares é colocada em risco

Créditos: ICE
Escrito en TECNOLOGIA el

A cena de brasileiros e brasileiras deportados dos Estados Unidos algemados nos punhos e tornozelos chocou o Brasil neste sábado (25). Mas os equipamentos usados para colocar em prática a promessa de campanha do recém-empossado presidente Donald Trump são muito mais sofisticados do que algemas e correntes.

LEIA TAMBÉM: Governo Lula intervém e mandar retirar algemas e correntes de brasileiros deportados dos EUA

Há uma extensa coleção de tecnologias de vigilância que estão no centro da estratégia de repressão à imigração ilegal de Trump. De rastreadores em tempo real a bancos de dados biométricos, o arsenal tecnológico desenvolvido por administrações anteriores, incluindo a de Joe Biden, está sendo aproveitado para impulsionar a maior operação de deportação da história da superpotência.

Ferramentas de vigilância e controle

Entre as ferramentas disponíveis, destacam-se aplicativos e tornozeleiras eletrônicas que rastreiam solicitantes de asilo, além de bancos de dados que armazenam impressões digitais, rostos e históricos criminais. Softwares avançados são capazes de quebrar senhas de dispositivos, vasculhar e-mails e mensagens, e até realizar testes de DNA para confirmar relações familiares de imigrantes.

Levantamento do jornal The New York Times deste sábado mostra que a administração Biden investiu cerca de US$ 7,8 bilhões desde 2020 em tecnologias de imigração, contratando 263 empresas. Dentre elas, Palantir, Clearview AI e Cellebrite figuram como grandes fornecedores. Palantir, por exemplo, recebeu mais de US$ 1 bilhão, enquanto a Clearview AI forneceu ferramentas de reconhecimento facial em contratos que somaram US$ 9 milhões.

Objetivos da Administração Trump

Trump deixou claro, durante sua posse, que pretende "parar imediatamente toda entrada ilegal" e deportar "milhões de imigrantes ilegais". Ferramentas tecnológicas, como leitores de placas e sistemas de análise de dados, são centrais para essa missão. Agentes de imigração poderão usá-las para localizar pessoas em tempo real e realizar ações coordenadas.

Essas tecnologias são usadas para rastrear e monitorar imigrantes, analisar dados de redes sociais e identificar suspeitos em investigações de tráfico humano e drogas. Cerca de 180 mil imigrantes não documentados já estão sob monitoramento eletrônico, utilizando tornozeleiras ou aplicativos que exigem check-ins diários.

Durante o primeiro mandato de Trump, essas ferramentas foram utilizadas em operações como uma batida em uma fábrica de processamento de frango no Mississippi, onde o rastreamento de localização de um trabalhador resultou na detenção de 680 imigrantes.

Preocupações com Privacidade

Especialistas levantam questões sobre o impacto da tecnologia na privacidade. Durante o governo Biden, empresas como Babel Street foram contratadas para reunir dados de fontes públicas, permitindo análises de risco. Embora úteis para investigações pontuais, esses sistemas suscitam preocupações éticas, especialmente entre grupos vulneráveis.

1984 é agora

O uso de tecnologias de vigilância, como rastreamento GPS, reconhecimento facial e análise de dados biométricos para deportar imigrantes ilegais nos EUA, evocado paralelos com o "Grande Irmão" de George Orwell no livro 1984.

Essas ferramentas, usadas para monitorar imigrantes em tempo real, refletem o poder de controle estatal descrito na obra, levantando preocupações sobre a erosão de privacidade e liberdades individuais.

O uso de bancos de dados extensivos para armazenar informações pessoais e biométricas lembra a manipulação de dados pelo governo fictício de Orwell para justificar ações de controle social. Ferramentas como o SmartLink e tornozeleiras eletrônicas reforçam a ideia de vigilância contínua, especialmente sobre populações vulneráveis.

Esse cenário, além de alertar para os riscos de vigilância excessiva, destaca a necessidade de regulamentações que garantam equilíbrio entre segurança nacional e direitos humanos, prevenindo que a distopia orwelliana se torne uma realidade.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar