Após anos de investigações envolvendo acusações de abusos sexuais e psicológicos, o papa Francisco decretou a dissolução da comunidade católica Sodalitium Christianae Vitae, com membros espalhados por toda a América do Sul e Estados Unidos. A decisão, oficializada na segunda-feira (20), não foi acompanhada de detalhes pelo Vaticano, mas representa uma medida rara na Igreja Católica.
Fundada no Peru em 1971 por Luis Fernando Figari, o grupo alcançou reconhecimento oficial como comunidade religiosa em 1997, durante o papado de João Paulo II, e chegou a contar com cerca de 20 mil membros. Apesar de sua expressiva presença, o Sodalitium Christianae Vitae foi alvo de múltiplas investigações tanto no Peru quanto no Vaticano ao longo da última década.
Te podría interesar
Em 2017, um relatório encomendado pela própria comunidade apontou Figari e outros ex-líderes do grupo como responsáveis por abusos cometidos contra pelo menos 19 menores de idade e 10 adultos. Em 2023, o papa Francisco determinou uma investigação conduzida por especialistas do Vaticano, que culminou, no ano seguinte, na expulsão definitiva de Figari. O fundador nega as acusações.
A decisão de dissolver o grupo contrasta com ações anteriores da Igreja em casos semelhantes. Em 2010, o papa Bento XVI optou por reestruturar os Legionários de Cristo, uma organização acusada de abusos por seu fundador, Marcial Maciel, ao invés de dissolvê-la.
Te podría interesar
O pontificado de Francisco tem se destacado por enfrentar com mais firmeza as questões de abuso sexual dentro da Igreja, incluindo a criação de uma comissão papal para tratar do tema. No entanto, o trabalho tem gerado reações mistas, com grupos de vítimas criticando a efetividade das ações.
A dissolução do Sodalitium Christianae Vitae marca mais um capítulo na tentativa da Igreja de lidar com os escândalos que comprometem sua credibilidade e afetam suas comunidades ao redor do mundo.