SANTA SÉ

Papa Francisco nomeia a primeira mulher para liderança no Vaticano

Brambilla se torna a primeira mulher a chefiar um escritório de alto escalão dentro da Santa Sé, um cargo tradicionalmente ocupado por clérigos homens

Créditos: Irmã Simona Brambilla (Vatican Media)
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O Papa Francisco nomeou a primeira mulher para liderar um dos principais dicastérios do Vaticano, 15 anos após o início de seu papado.

A Irmã Simona Brambilla, de 59 anos, foi nomeada prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, responsável por supervisionar e apoiar grupos religiosos católicos. A decisão foi confirmada pela agência de notícias oficial Vatican Media.

Este é um marco significativo, pois Brambilla se torna a primeira mulher a chefiar um escritório de alto escalão dentro da Santa Sé, um cargo tradicionalmente ocupado por clérigos homens.

Embora mulheres já tenham atuado como vice em alguns dicastérios, nunca antes uma mulher havia liderado um departamento tão relevante.

Sua nomeação reflete a crescente demanda por mais reconhecimento das contribuições femininas na Igreja, especialmente em funções de liderança e decisão, áreas predominantemente dominadas por homens, apesar da significativa contribuição das mulheres em setores como educação, saúde e disseminação da fé.

Durante o papado de Francisco, a presença feminina no Vaticano aumentou de 19,3% em 2013 para 23,4% em 2023, reforçando a tendência de maior inclusão no Vaticano.

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Quem é Brambilla? 

Brambilla, membro das Missionárias da Consolata, possui uma trajetória de serviço que inclui trabalho missionário em Moçambique e liderança como superiora de sua ordem de 2011 a 2023. Em 2023, ela assumiu o cargo de secretária do dicastério, o que a preparou para suceder o Cardeal João Braz de Aviz, que se aposentou após 12 anos à frente do órgão.

Sua nomeação vem acompanhada de um acordo de liderança compartilhada com o cardeal Ángel Fernández Artime, que será "pró-prefeito" do dicastério. Essa estrutura busca equilibrar questões teológicas que limitam certos papéis sacramentais a homens ordenados, ao mesmo tempo em que reconhece as habilidades de Brambilla como líder.

O cargo de Brambilla surge em um momento crucial, com desafios como o declínio das vocações religiosas, o envelhecimento das comunidades e dificuldades financeiras enfrentadas por muitas ordens. 

A nomeação reflete também as reformas de 2022 de Francisco, que abriram posições de liderança no Vaticano para leigos, incluindo mulheres, marcando um passo importante para uma Igreja mais inclusiva. Outras nomeações de mulheres, como a Irmã Raffaella Petrini e a Irmã Nathalie Becquart, também ilustram essa tendência.

Apesar de avanços significativos, a recente crítica do Papa a freiras sobre seu comportamento ainda gerou controvérsia, refletindo tensões em torno da abordagem de Francisco sobre a inclusão feminina. A nomeação de Brambilla pode, portanto, servir como um modelo para futuras nomeações femininas de alto nível no Vaticano, além de influenciar discussões sobre a participação das mulheres na governança e nas decisões da Igreja, especialmente durante o sínodo sobre governança da Igreja, que ocorrerá em outubro. 

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