ÁFRICA

Mais um país africano promete combater a França em um setor estratégico

Ex-colônias francesas abrem frente de combate econômica contra influência de Paris

Porto de Algiers por Mariusz kluzniak
Escrito en GLOBAL el

A crescente ruptura entre países africanos e a França ganhou mais um capítulo com as recentes medidas tomadas pela Argélia para reduzir a influência econômica de Paris em seu território.

A terceira maior economia da África tem tomado medidas para reduzir a dependência da antiga metrópole. Segundo autoridades francesas, o comércio entre Paris e Algiers caiu 30% desde o ano passado, reflexo da exclusão de empresas francesas de licitações importantes, como a importação de trigo, setor onde a França tradicionalmente dominava.

O governo argelino também considera a suspensão de transações financeiras com a França, mas recuou devido às significativas trocas comerciais entre os dois países.

A França também tem provocado Algiers: no ano passado, houve o reconhecimento francês do plano de autonomia marroquino para o Saara Ocidental, considerado uma afronta pelos argelinos que apoiam a libertação do território através da Frente Polissario.

Argélia junta-se a uma tendência regional liderada por países como Níger, Burkina Faso e Mali, que têm tomado medidas para expulsar a França de setores estratégicos e reforçar sua soberania.

Ainda no início deste ano, Senegal e Cota do Marfim se somaram ao movimento e expulsaram tropas francesas de seu território, mostrando que a década de 2020 talvez tenha tomado desenhos de 1960 no que tange ao poder da Europa sob o terreno africano.

Vale lembrar que foi a Argélia o primeiro país a travar uma guerra de descolonização bem-sucedida na África, em um movimento liderado pela  Frente de Libertação Nacional, que contava com intelectuais e políticos notórios como Frantz Fanon e Ahmed Ben Bella.

A Guerra da Argélia foi iniciada em 1954 e conquistou a independência em relação à França em 1962. Mais de 1,5 milhão de argelinos morreram no conflito, segundo as estimativas. 

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