ALEMANHA

País mais populoso da União Europeia adentra lista de “natalidade ultra baixa”

Dentre os motivos apontados para a diminuição significativa das concepções encontram-se desafios sociais e econômicos e o medo da instabilidade geopolítica na Europa

Maternidade.Créditos: Pixabay
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No final de 2024, três países da União Europeia (Alemanha, Estônia e Áustria) passaram a integrar a lista de países cuja taxa de natalidade é considerada "ultra baixa". A lista já era composta por Grécia, Itália e Espanha.

A Alemanha, o país mais populoso da UE (com cerca de 82 milhões de habitantes), registrou 739 mil nascimentos em 2022, de acordo com o Statistisches Bundesamt (Escritório Federal de Estatística Alemão), uma taxa 5.6% menor quando comparada às séries de 2019 a 2021.

Em 2023, o país viu sua taxa de natalidade cair para 1.35 filho por mulher, abaixo da estimativa considerada "ultra baixa" pelas Nações Unidas, que é de 1.4. Estão abaixo da taxa "mínima" os demais países europeus com desafios de natalidade já mencionados: Espanha, Grécia, Itália, Estônia e Áustria.

Dentre os motivos apontados para a diminuição significativa das concepções encontram-se motivos sociais e econômicos, como o aumento da idade para atingir certos objetivos considerados essenciais para o planejamento de filhos — a compra de uma casa, a estabilização profissional, a redução de disparidade de gênero.

De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a idade média para atingir esses objetivos (sobretudo os econômicos) aumentou para até 1 ano em 2023, em comparação à década anterior. Na Alemanha, passou de 31.1 para 31.4 anos, e, na Espanha, na Itália e na Irlanda, já passa de 32 anos. 

Se a decisão de ter filhos vem mais tarde, isso afeta, é claro, a quantidade média de filhos e a "janela de oportunidade" para a concepção. Até 2022, a idade média para ter filhos era, na Alemanha, de 33 anos.

Entre janeiro e julho de 2024, foram registrados 392 mil nascimentos na Alemanha, de acordo com o "IBGE alemão", número que representa uma baixa de 3% em relação à mesma época no ano anterior.

Um artigo da DW vincula a queda na natalidade a fatores como a necessidade de migração — a busca por melhores opções em outras partes do país, geralmente no movimento avistado entre as partes Oriental e Ocidental —, corroborada pelas taxas mais baixas avistadas em estados do leste em comparação com o oeste da Alemanha; e a diminuição de mulheres em idade fértil em todo o país. 

A eclosão da Guerra da Ucrânia e o cenário geral de instabilidade nos arranjos geopolíticos que circundam a Europa, criando um "cinturão de ameaça" entre seus vizinhos, também podem estar a influenciar a decisão sobre ter ou não filhos, indicam analistas ouvidos pelo portal europeu.

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Guangyu Zhang, o oficial de assuntos populacionais das Nações Unidas, pediu aos governos dos países com natalidade em queda para estimular a criação de políticas de apoio às famílias e à igualdade de gênero, a fim de diminuir o abismo entre a quantidade desejada de filhos e aquela que é possível levar à prática nas circunstâncias atuais.

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