Depois que a Nova Frente Popular, que reúne a maioria dos partidos de esquerda da França, venceu as últimas eleições e livrou o país de ser governado pelos fascistas do Reagrupamento Nacional (RN), o presidente Emmanuel Macron traiu os acordos e deu um golpe na frente de esquerda ao nomear Michel Barnier como primeiro-ministro. Barnier é do Partido Republicano, que ficou em quarto lugar nas eleições, conquistando apenas 47 dos 577 assentos.
Agora, Macron, em parceria com Barnier, prepara um novo golpe contra a Nova Frente Popular: excluí-los da reforma ministerial, que deve ser apresentada até este domingo (22).
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De acordo com a imprensa local, a proposta de Barnier prevê que, na reforma dos 10 ministérios, todos ficarão nas mãos da aliança centrista que apoia Macron. Sete pastas serão destinadas ao partido do presidente (Renascimento), que possui a segunda maior bancada do Parlamento, com 166 assentos. Os Republicanos, partido do primeiro-ministro, ficarão com três ministérios. Um ministério será entregue a um partido de esquerda que não faz parte da Nova Frente Popular.
Caso a decisão de Macron seja confirmada, ela será um escândalo e poderá mergulhar a França em uma nova crise, pois a Nova Frente Popular foi a grande vitoriosa da última eleição, conquistando 193 assentos, formando a maior bancada do Parlamento.
Segundo informações d'O Globo, especialistas afirmam que a nova formação de governo de Macron pode ser derrubada pela NFP e RN, que juntos detêm a maioria absoluta do Parlamento.
Macron desrespeita resultado das eleições e esquerda denuncia: "abuso do poder autocrático"
O presidente francês Emmanuel Macron anunciou publicamente que não indicará Lucie Castets, nome da escolhido pela esquerda, para o primeiro-ministério.
Ela é a representante do bloco Nova Frente Popular, que ficou em primeiro lugar nas eleições legislativas de 7 de julho. A França vivia uma "trégua olímpica" até o fim do evento. Após a tocha se apagar em Paris, as discussões políticas se intensificaram.
A esquerda venceu as eleições e possui a maior bancada no parlamento. Pelo rito, Macron deveria indicar o nome de Castets - que é uma moderada - para o cargo.
No entanto, ele afirmou publicamente que não o fará para garantir a "estabilidade institucional do país".
Macron baseia sua decisão em um acordo com a extrema-direita para derrubar Castets em seu primeiro dia de governo.
Contudo, Castets só pode ser derrubada com o apoio do partido de Macron, em aliança com os fascistas do Reunião Nacional, de Marine Le Pen.
Ou seja: quem cria a instabilidade institucional é o próprio centro democrático de Macron, que usa esse fato para não respeitar o resultado eleitoral.
Ele poderia aceitar ficar fora do protagonismo, respeitar as eleições e formar uma coalizão - ainda que tácita - para governar a França pelos próximos dois anos.
A França Insubmissa, partido mais à esquerda da coalizão, afirmou que abrirá um processo de impeachment contra o presidente caso ele não aceite o resultado eleitoral:
"E qualquer proposta para um primeiro-ministro que não seja Lucie Castets estará sujeita a uma moção de censura. A gravidade do momento exige uma resposta firme da sociedade francesa contra o incrível abuso de poder autocrático de que é vítima. A França Insubmissa propõe que ocorram marchas pelo respeito à democracia. Esperamos que todas as organizações comprometidas com a democracia se unam para enfrentar e forçar o presidente a reconhecer os resultados das eleições", disse o partido em nota.
Devido à composição política do Senado, uma queda de Macron é pouco provável. No entanto, a aposta da esquerda é mobilizar a população nas ruas para pressionar o governo e readaptar as correlações de força.
O centrismo de Macron e os valores democráticos que ele diz promover parecem não se aplicar à sua própria França.
Em 2023, ele aprovou uma reforma da previdência que aumentou em dois anos a idade mínima para aposentadoria por meio de decreto, sem diálogo com o parlamento.
Primeiro, governou por decreto. Agora, não respeita os resultados eleitorais. Qual será o próximo passo?