O presidente francês Emmanuel Macron anunciou publicamente que não indicará Lucie Castets, nome da escolhido pela esquerda, para o primeiro-ministério.
Ela é a representante do bloco Nova Frente Popular, que ficou em primeiro lugar nas eleições legislativas de 7 de julho. A França vivia uma "trégua olímpica" até o fim do evento. Após a tocha se apagar em Paris, as discussões políticas se intensificaram.
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A esquerda venceu as eleições e possui a maior bancada no parlamento. Pelo rito, Macron deveria indicar o nome de Castets - que é uma moderada - para o cargo.
No entanto, ele afirmou publicamente que não o fará para garantir a "estabilidade institucional do país".
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Macron baseia sua decisão em um acordo com a extrema-direita para derrubar Castets em seu primeiro dia de governo.
Contudo, Castets só pode ser derrubada com o apoio do partido de Macron, em aliança com os fascistas do Reunião Nacional, de Marine Le Pen.
Ou seja: quem cria a instabilidade institucional é o próprio centro democrático de Macron, que usa esse fato para não respeitar o resultado eleitoral.
Ele poderia aceitar ficar fora do protagonismo, respeitar as eleições e formar uma coalizão - ainda que tácita - para governar a França pelos próximos dois anos.
A França Insubmissa, partido mais à esquerda da coalizão, afirmou que abrirá um processo de impeachment contra o presidente caso ele não aceite o resultado eleitoral:
"E qualquer proposta para um primeiro-ministro que não seja Lucie Castets estará sujeita a uma moção de censura. A gravidade do momento exige uma resposta firme da sociedade francesa contra o incrível abuso de poder autocrático de que é vítima. A França Insubmissa propõe que ocorram marchas pelo respeito à democracia. Esperamos que todas as organizações comprometidas com a democracia se unam para enfrentar e forçar o presidente a reconhecer os resultados das eleições", disse o partido em nota.
Devido à composição política do Senado, uma queda de Macron é pouco provável. No entanto, a aposta da esquerda é mobilizar a população nas ruas para pressionar o governo e readaptar as correlações de força.
O centrismo de Macron e os valores democráticos que ele diz promover parecem não se aplicar à sua própria França.
Em 2023, ele aprovou uma reforma da previdência que aumentou em dois anos a idade mínima para aposentadoria por meio de decreto, sem diálogo com o parlamento.
Primeiro, governou por decreto. Agora, não respeita os resultados eleitorais. Qual será o próximo passo?