VIOLÊNCIA POLÍTICA

França: Extrema direita pede assassinato de políticos de esquerda e jornalistas

Site popular entre eleitores reacionários, Réseau Libre publicou endereços de pessoas e ensinou métodos de execução para alvos diversos após derrota nas eleições

Manifestação da extrema direita em Paris, no começo de 2024..Créditos: YouTube/Reprodução
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A França vive um novo momento de tensão após o segundo turno das eleições legislativas realizado no domingo (7). Um site de extrema direita, o Réseau Libre, muito popular entre eleitores reacionários, publicou um artigo nesta terça-feira (9) clamando pelo assassinato de políticos de esquerda, jornalistas, juristas e ativistas sociais, entre outros alvos. Os endereços de algumas das potenciais vítimas foram publicados na página, assim como tutoriais de como cometer essas execuções de forma “eficiente”, indicando "facas de cozinha" e até mesmo "um cabo de picareta"..

O partido Rassemblement National (RN), de extrema direita, que venceu o primeiro turno do pleito e era o franco favorito para ter maioria na Assembleia da República, acabou a disputa como o grande derrotado, amargando um terceiro lugar. A eleição foi vencida pela coalizão de esquerda Nouvelle Front Populaire (NFP), que conseguiu mais cadeiras no parlamento, embora não tenha atingido maioria absoluta. A derrota retumbante e de surpresa despertou a fúria dessas franjas radicais no país europeu.

Os parlamentares Manuel Bompard, Alexis Corbière, Rachel Keke, todos do partido de esquerda La France Insoumise, que lidera a NFP, bem como o senador Ian Brossat, do Partido Comunista, também da coalizão, tiveram seus endereços e dados pessoais divulgados no site e foram apontados como os principais alvos para os ataques homicidas. Quem também foi colocado nesta relação foi um advogado que realiza um forte trabalho contra a violência policial na França, além de jornalistas e ativistas sociais que atuaram na campanha que levou a extrema direita à derrota.

Durante o período eleitoral, em todo território francês, pelo menos 51 eventos de violência explícita contra esses setores políticos progressistas, assim como contra a imprensa e ativistas, foram registrados. As pessoas citadas, seus partidos e as entidades de jornalistas informaram que já abriram uma queixa nos órgãos de segurança e que esperam providências do Judiciário contra os envolvidos nas ameaças.

O Réseau Libre é um site hospedado na Rússia e seu fundador, Joël Michel Sambuis, um francês que vive autoexilado em território russo há 30 anos, consegue evitar uma extradição para a França. Ele aparece em diversos documentos do serviço de inteligência como o artífice de planos para atentados e massacres contra a população muçulmana que vive em sua terra natal e seria o líder de uma rede neonazista ativa desde os anos 1990.

Após a derrota de domingo, um artigo que se suspeita ser de autoria de Sambuis, clamou por um “novo massacre do Bataclan” como forma de punição à população da França que votou apoiando a imigração, numa referência ao atentado terrorista de 2015, levado a cabo por militantes do Estado Islâmico, em Paris, que deixou 130 mortos numa casa noturna durante um show de rock.