AMÉRICA LATINA

O dia em que Bolsonaro elogiou Hugo Chávez e defendeu o comunismo

Ex-presidente de extrema direita, que atualmente se dedica a atacar o governo de Nicolás Maduro, já se derreteu pelo ex-presidente da Venezuela

Créditos: Fotomontagem - Hugo Chávez (Wikipedia) e Jair Bolsonaro (Isac Nóbrega/PR)
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quem diria, já elogiou Hugo Chávez e defendeu o comunismo. Logo no início do primeiro mandato do presidente do venezuelano, o líder brasileiro da extrema direita, que na ocasião era deputado federal, se derreteu em elogios ao comandante.

Em entrevista ao Estadão em 4 de setembro de 1999, sete meses depois de Chávez assumir a presidência da Venezuela, Bolsonaro afirmou em entrevista que o comandante era "uma esperança para a América Latina".

Um ferrenho defensor da ditadura militar que sufocou o Brasil por 21 anos, entre 1964 e 1985, Bolsonaro comentou que gostaria muito que a filosofia defendida por Chávez chegasse ao Brasil.

Questionado sobre o apoio de comunistas ao venezuelano, Bolsonaro afirmou que nem ele nem o então líder do país vizinho eram anti-comunistas. "Na verdade, não tem da mais próximo do comunismo do que meio militar", taxou.

Confira o recorte da entrevista

Reprodução X

Críticas a Nicolás Maduro

Se por um lado Bolsonaro expressou admiração por Chávez, o mesmo não se aplica ao sucessor do líder bolivariano, Nicolás Maduro. O ex-presidente do Brasil expressou diversas opiniões e críticas sobre a Venezuela e seu governo ao longo de seu mandato e em sua carreira política.

Bolsonaro foi um crítico ferrenho de Maduro, chamando-o de ditador e acusando seu governo de violar direitos humanos e reprimir a oposição. Ele frequentemente destacou a crise humanitária e econômica na Venezuela como um exemplo do fracasso do socialismo.

O extremista de direita manifestou seu apoio à oposição venezuelana, incluindo o líder oposicionista Juan Guaidó, o presidente fake, em várias ocasiões. Ele reconheceu o impostor como ocupante legítimo do Palácio de Miraflores, sede do Executivo Federal em Caracas.

Durante seu desastroso mandato como presidente do Brasil, Bolsonaro se alinhou com os Estados Unidos e outros países na condenação do governo de Maduro. Ele participou de reuniões internacionais e declarou apoio a medidas de pressão contra o regime venezuelano.

Bolsonaro mencionou repetidamente a crise dos refugiados venezuelanos que fugiram para o Brasil e outros países vizinhos em busca de melhores condições de vida. Ele usou essa situação para criticar o governo venezuelano e justificar a necessidade de políticas firmes contra o socialismo.

Em alguns momentos, Bolsonaro sugeriu que uma intervenção militar poderia ser uma solução para a crise na Venezuela, embora ele tenha recuado em declarações mais específicas sobre uma ação militar direta por parte do Brasil. Sob o governo de Bolsonaro, as relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela foram tensas. O Brasil adotou uma postura dura em relação ao governo de Maduro, limitando a cooperação e o diálogo bilateral.

Bolsonaro fez várias declarações polêmicas sobre a Venezuela em seu estilo tosco, frequentemente usando a situação no país vizinho para criticar o socialismo e a esquerda política em geral. Essas declarações e posições refletem a visão de Bolsonaro sobre a política regional e sua oposição aos regimes de esquerda na América Latina.

Carreira parlamentar de Bolsonaro

Agência Câmara - Bolsonaro passou 28 anos praticamente dormindo. Acordou para falar barbaridades

Jair Bolsonaro foi deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro por sete mandatos consecutivos. Durante esses mandatos, Bolsonaro ficou conhecido por suas posições conservadoras e por seu discurso frequentemente polêmico.

Ele começou sua carreira na Câmara dos Deputados em 1991 e permaneceu no cargo até 2019, quando assumiu a presidência do Brasil. Seus mandatos como deputado federal foram: 1991-1995, 1995-1999, 1999-2003, 2003-2007, 2007-2011, 2011-2015 e 2015-2019.

Ao longo desses 28 anos no Parlamento teve apenas dois projetos de lei aprovados e sancionados. Quando não era flagrado dormindo, fazia barulho com polêmicas e insultos.

Quem foi Hugo Chávez

Wikipedia - Hugo Chávez e o quadro de Simón Bolívar

Hugo Chávez (1954-2013) foi um militar e político venezuelano, que serviu como presidente da Venezuela de 1999 até sua morte em 2013. Ele é uma figura central na história contemporânea do país, conhecido por sua liderança carismática e políticas controversas.

Chávez começou sua carreira como oficial militar. Em 1992, ele liderou um fracassado golpe de estado contra o governo do então presidente Carlos Andrés Pérez. Após a tentativa de golpe, Chávez foi preso, mas ganhou notoriedade e apoio popular durante seu julgamento.

Depois de ser libertado da prisão em 1994, Chávez fundou o Movimento Quinta República (MVR), um partido político de orientação socialista. Ele defendia a criação de uma "República Bolivariana" baseada nas ideias de Simón Bolívar.

Chávez foi eleito presidente em 1998 com uma plataforma de reforma social e econômica. Sua vitória marcou o início da Revolução Bolivariana, um processo de transformação política e social na Venezuela.

Durante seu governo, Chávez implementou políticas de nacionalização de indústrias-chave, especialmente o setor petrolífero, e promoveu uma série de programas sociais para combater a pobreza e a desigualdade. Ele também introduziu a Constituição de 1999, que reformou as instituições políticas do país.

Chávez adotou uma postura anti-imperialista e anti-EUA, buscando fortalecer laços com outros países latino-americanos e líderes de esquerda, como Fidel Castro em Cuba. Ele foi um crítico feroz da política externa dos Estados Unidos.

Embora tenha sido popular entre muitos setores da sociedade venezuelana, Chávez também enfrentou fortes críticas e oposição. Seus detratores o acusavam de autoritarismo, repressão à liberdade de imprensa e deterioração da economia venezuelana.

Em junho de 2011, Chávez foi diagnosticado com câncer. Apesar de várias cirurgias e tratamentos, ele faleceu em 5 de março de 2013. Seu sucessor, Nicolás Maduro, continuou com as políticas da Revolução Bolivariana.

O legado de Chávez é profundamente divisivo. Para seus apoiadores, ele é um herói que lutou pela justiça social e a soberania nacional. Para seus críticos, ele é responsável pela crise econômica e política que a Venezuela enfrentou após sua presidência.

Hugo Chávez deixou uma marca indelével na história da Venezuela e continua sendo uma figura influente e polêmica na política latino-americana.

O que é a Revolução Bolivariana

Telesur - Chávez deflagrou a Revolução Bolivariana

A Revolução Bolivariana é um processo político e social iniciado na Venezuela com a eleição de Hugo Chávez como presidente em 1998. O nome "Bolivariana" faz referência a Simón Bolívar, um líder militar e político do século 19 que desempenhou um papel crucial na independência de vários países da América do Sul do domínio espanhol.

A Revolução Bolivariana visa a construção de um "socialismo do século 21", caracterizado por maior justiça social, distribuição de renda e nacionalização de recursos estratégicos, como o petróleo.

Sob a liderança de Chávez, o governo venezuelano nacionalizou várias indústrias, especialmente a petrolífera, com o objetivo de utilizar os recursos do país para financiar programas sociais e reduzir a pobreza.

Chávez implementou uma série de programas sociais chamados "Misiones Bolivarianas", que incluem iniciativas nas áreas de educação, saúde, alimentação e habitação. Esses programas foram destinados a melhorar a qualidade de vida das populações mais pobres.

A Revolução Bolivariana também é marcada por uma política externa anti-imperialista, com forte oposição à influência dos Estados Unidos na região. Chávez buscou fortalecer alianças com outros países latino-americanos e líderes de esquerda.

Uma nova constituição foi adotada em 1999, que reformou várias instituições políticas e sociais na Venezuela. Essa constituição é frequentemente citada como um marco legal da Revolução Bolivariana.

A Revolução Bolivariana enfrentou vários desafios, incluindo uma crescente polarização política, protestos, crises econômicas e alegações de autoritarismo. Após a morte de Chávez em 2013, seu sucessor, Nicolás Maduro, continuou com as políticas bolivarianas, mas enfrentou uma crise econômica profunda e acusações de repressão contra a oposição.

A Revolução Bolivariana teve um impacto significativo na política e na sociedade venezuelana, com repercussões que se estenderam além das fronteiras do país.