AMÉRICA LATINA

Venezuela: Lula e Petro voltam a pedir atas eleitorais para reconhecer vitória de Maduro

Declaração ocorre após Tribunal Superior de Justiça (TSJ) venezuelano confirmar reeleição de Nicolás Maduro sem divulgar, no entanto, as atas impressas pelas urnas eletrônicas

Lula com Gustavo Petro e Nicolás Maduro em ato no Planalto.Créditos: Ricardo Stuckert / PR
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Em nota conjunta divulgada na noite deste sábado (24), os presidentes Lula, do Brasil, e Gustavo Petro, da Colômbia, voltaram a pedir a divulgação das atas eleitorais para reconhecer a anunciada vitória de Nicolás Maduro nas eleições na Venezuela.

O resultado das eleições ocorridas no dia 28 de julho foi validado pelo Tribunal Superior de Justiça (TSJ) venezuelano na quinta-feira (22).

A presidente da Câmara Eleitoral, Caryslia Rodríguez, informou que o tribunal superior do país “valida os resultados das eleições presidenciais” emitidas pela CNE, onde foi eleito o cidadão Nicolás Maduro Moros para o período 2025-2031.  

As atas, cobradas pelo Brasil e Colômbia, no entanto,  não foram divulgadas. A suprema corte venezuelana anunciou apenas que ficará responsável pela salvaguarda de todo o material eleitoral consignado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e pelos partidos políticos, tanto em formato físico como digital.

Na nota divulgada na rede X, Lula e Petro dizem que "permanecem convencidos de que a credibilidade do processo eleitoral somente poderá ser restabelecida mediante a publicação transparente dos dados desagregados por seção eleitoral e verificáveis".

"Brasil e Colômbia tomam nota da decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela sobre o processo eleitoral. Reiteram que continuam a aguardar a divulgação, pelo CNE, das atas desagregadas por seção de votação", diz o texto.

Os dois presidentes ainda voltam a se colocar à disposição para atuarem como "canais de comunicação" entre Maduro e a oposição e condenam, mais uma vez, as sanções ao país vizinho.

"Manifestam também sua total oposição à continuada aplicação de sanções unilaterais como instrumento de pressão. Compartilham o entendimento de que sanções unilaterais são contrárias ao direito internacional e prejudicam a população dos países sancionados, em especial as camadas mais vulneráveis", diz o texto.

"Faça-se a paz"

Nicolas Maduro celebrou a confirmação pelo TSJ de sua reeleição conclamando a Venezuela a buscar a paz em um discurso em uma manifestação em La Guaira, no norte de Caracas.

“Hoje o TSJ, em sua Sala Eleitoral, depois de fazer um trabalho técnico, científico e jurídico baseado nas leis e como Poder Judicial da nação, emitiu uma sentença histórica e contundente. Faça-se a paz", afirmou.

Maduro reforçou que pode haver uma reforma eleitoral para que os candidatos "não possam participar em processos eleitorais que desconhecem as leis, os poderes públicos, a Constituição, e pretendem impor um regime fascista".

O presidente eleito ainda questionou o porquê do candidato da Mesa Unitaria Democrática, Edmundo González, e a sua comandante, Maria Corina Machado, não realizarem arguições contra a suprema corte.

Além disso, Maduro perguntou por que as atas da oposição - que foram publicadas na internet - não foram apresentadas ao tribunal.

"Qualquer candidato, qualquer partido, quando você vai a um processo eleitoral, tem um período para [questionar]. Se você tem alguma prova de alguma irregularidade ou tem alguma reclamação, você vai para a Sala Eleitoral e diz: 'Aqui estão as provas'. Passaram os 15 dias hábeis e os advogados famosos e milionários da oposição não exerceram seus direitos", questionou Maduro.