O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apoiou nesta quinta-feira (15) a ideia sugerida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais tarde apoiada pelo chefe de Estado da Colômbia Gustavo Petro, de realizar novas eleições na Venezuela. No entanto, a Casa Branca "retificou" a declaração do mandatário estadunidense.
Biden falou com a imprensa e foi questionado se apoiaria a realização de uma nova eleição na Venezuela, e o democrata respondeu que "sim". Mais tarde, contudo, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional disse que Biden estava "falando sobre o absurdo de Maduro e seus representantes não terem se revelado honestos sobre as eleições de 28 de julho", sem voltar atrás totalmente no comentário feito pelo presidente dos EUA, e sem endossar tampouco o "sim" presidencial.
O porta-voz disse ainda que está "absolutamente claro" que o candidato da oposição Edmundo Gonzalez venceu a eleição.
Segundo o site Politico, Biden e o secretário de Estado Antony Blinken têm conversado por telefone nas últimas semanas, em um esforço para coordenar suas respostas com a de outros países latino-americanos, como Brasil, Colômbia, Panamá e México, para resolver o impasse venezuelano. Mas há pressões internas para que o governo dos EUA seja mais "enérgico" com a Venezuela.
Nesta quinta-feira, vinte ex-oficiais estadunidenses escreveram uma carta a Blinken, entre eles quatro ex-embaixadores dos Estados Unidos em Caracas, dizendo que as ações do presidente venezuelano Nicolás Maduro “atingem o cerne dos interesses mais amplos da política externa dos EUA na região”. Acrescentaram ainda que “os esforços diplomáticos do Brasil, Colômbia e México são notáveis, mas não há substituto para a liderança dos EUA”.
Lula e a Venezuela
Em entrevista concedida pela manhã a uma rádio de Curitiba (PR), o presidente Lula falou que trabalha com Petro para chegar a uma saída para o impasse venezuelano.
"Tem várias saídas. Fazer um governo de coalizão - muita gente que está no meu governo não votou em mim e eu trouxe todo mundo para participar do governo", disse. "Eu não posso dizer que a oposição foi vencedora porque não tenho os dados. E não posso dizer que Maduro foi vitorioso porque eu não tenho os dados. Então, não quero me comportar de maneira apavorada e precipitada. Eu quero o resultado. Se a gente tiver um resultado e for factível, nós vamos tratar do seguinte. O Maduro tem seis meses de mandato ainda - o mandato dele só termina em janeiro do ano que vem. Então, ele é o presidente da República, independentemente das eleições", disse ainda Lula.
Em seguida, apontou a realização de um novo pleito como uma possível solução negociada. "Se ele [Maduro] tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro. O que não posso é ser precipitado e tomar uma decisão. Da mesma forma que quero que respeitem a soberania do Brasil, eu respeito a soberania dos países", concluiu.
Em postagem no ex-Twitter, Petro endossou a ideia de realizar "novas eleições livres" com "garantias totais à ação política". Também defendeu uma "anistia geral nacional e internacional" e suspensão de "todas as sanções contra a Venezuela". "De Nicolás Maduro depende uma solução política para a Venezuela que leve paz e prosperidade ao seu povo", pontuou o presidente colombiano.
A posição de governo e oposição na Venezuela
Segundo a Reuters, a líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado descartou proposta."A eleição já aconteceu", apontou, em entrevista concedida a jornalistas da Argentina e do Chile em uma videoconferência nesta quinta. "Maduro precisa ser informado de que o custo de sua permanência cresce a cada dia que passa."
Ainda de acordo com a agência de notícias, autoridades do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), de Maduro, também descartaram novas eleições.