Doadores milionários do Partido Democrata estão dando sinais de que pretendem afastar Joe Biden da disputa eleitoral deste ano, temendo a volta de Donald Trump ao poder.
Desde que Bill Clinton governou os EUA por dois mandatos, acabando com as regulamentações do mercado financeiro que levaram à crise de 2008, Wall Street abraçou os democratas como nunca havia feito no passado.
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O partido, normalmente associado aos sindicatos e aos funcionários públicos, tornou-se preferencialmente o dos milionários e bilionários.
Em entrevista à rede CNBC, a herdeira do império Disney, Abigail, disse que estava pausando as doações para a campanha de Biden:
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Isso é realismo, não desrespeito. Se Biden não renunciar, os democratas perderão. Disso estou absolutamente certa. As consequências da perda serão verdadeiramente terríveis.
Com recente decisão da Suprema Corte, que por 6 a 3 deu ao presidente dos EUA imunidade total por atos praticados no exercício do mandato, há o temor de que Trump pratique atos "ditatoriais" num futuro segundo mandato, como a perseguição de adversários políticos utilizando o aparato estatal.
Biden já incorporou este tema na campanha.
Gideon Stein, um empresário que investe em Inteligência Artificial, também disse que suspendeu uma doação de U$ 3 milhões à campanha de Biden:
Praticamente todos os principais doadores com quem conversei acreditam que precisamos de um novo candidato para derrotar Donald Trump.
O co-fundador da Netflix, Reed Hastings, um grande doador do Partido Democrata, também aderiu ao coro dos que pedem para Biden desistir.
OUTRA APARIÇÃO DESASTROSA
Biden fez uma aparição pública no 4 de julho, Dia da Independência dos EUA, nos jardins da Casa Branca.
Num improviso, fez uma fala confusa.
Nos bastidores, no entanto, a máquina presidencial tem sido bem sucedida até agora.
Biden convocou todos os governadores democratas para uma reunião e deu a eles a tarefa de percorrer o país em campanha, numa jogada para afastar potenciais competidores.
Além disso, depois do fracassado debate com Donald Trump, as pequenas doações para a campanha dispararam, num movimento de solidariedade.
As pesquisas públicas mais recentes apresentam um quadro pavoroso para Biden.
A encomendada pelo Daily Mail, feita entre 1 e 3 de julho, mostra Trump com seis pontos de vantagem contra Biden (43% a 37%).
Pesquisas nacionais anteriores ao debate em geral mostravam os candidatos empatados dentro da margem de erro.
Levantamentos publicados pela Economist e New York Times, com eleitores registrados, mostram a taxa de desaprovação de Biden disparando, respectivamente para 57% e 62%.
A Economist, aliás, publicou editorial nesta quinta-feira pedindo que Biden se afaste da disputa, demonstrando que o grande capital está preocupado com o destino dos EUA:
Foi uma agonia ver um velho confuso lutando para lembrar palavras e fatos. Sua incapacidade de argumentar contra um oponente fraco era desanimadora. Mas a operação da sua campanha para negar o que dezenas de milhões de americanos viram com os seus próprios olhos é mais tóxica do que qualquer outra, porque a sua desonestidade provoca desprezo.
APOIO A TRUMP
Este ano, segundo a revista Fortune, os CEOs das 100 principais companhias dos EUA mantém distância de Trump.
Segundo o professor Jeffrey Sonnefeld, da Universidade de Yale, é o mais baixo apoio corporativo a um candidato republicano na História recente.
Isso não significa, no entanto, que falte dinheiro a Trump.
Sua campanha levantou U$ 141 milhões em maio -- quase 40% de doações online, depois da condenação do ex-presidente em Nova York por falsificar documentos relacionados ao pagamento de cala-boca para esconder o envolvimento extraconjugal de Trump com a atriz Stormy Daniels.
Vários magnatas de setores específicos da economia apoiam o republicano com generosas doações, especialmente no setor do gás e petróleo.
Em abril, Trump deu um jantar em sua mansão de Mar-a-Lago em que pediu U$ 1 bilhão a bilionários e executivos do setor. O republicano é negacionista das mudanças climáticas.
Trump também receberá fortes aportes financeiros do poderoso lobby de Israel nos EUA. No debate com Biden, Trump famosamente usou a palavra "palestino" como se fosse xingamento.
Steve Schwarzman, o CEO da Blackstone, uma das megacorporações financeiras do planeta, afirmou recentemente que pretende fazer doações ao republicano para "combater o antissemitismo".