O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, ordenou um ataque direto a Israel em retaliação pelo assassinato de Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, em Teerã, capital iraniana.
Ainda não está claro com que intensidade o Irã responderá, e se irá calibrar seu ataque para evitar uma escalada, como fez em abril com uma barragem de mísseis e drones que foi anunciada com antecedência.
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O relato de resposta do Irã ao ataque de Israel em sua capital foi feito ao jornal estadunidense The New York Times nesta quarta-feira (31) por três funcionários iranianos informados sobre a ordem.
Outro assassinato israelense na madrugada desta terça foi o de um membro sênior do Hezbollah no Líbano, Fuad Shukr. O Hezbollah confirmou a morte.
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Os dois episódios deixaram todo o Oriente Médio em alerta. Os líderes do Irã prometem vingança e ameaçam descarrilar as negociações frágeis para um cessar-fogo em Gaza.
Inimigos declarados
Enquanto Israel raramente comenta suas ações no Irã, geralmente é mais aberto sobre seus ataques no Líbano. Na noite de terça-feira (30), o exército israelense anunciou rapidamente um ataque separado nos subúrbios do sul de Beirute contra o Shukr, a quem culpou por um ataque no sábado que matou 12 crianças e adolescentes em uma cidade controlada por Israel.
Já Haniyeh desempenhou um papel central no Hamas, ajudando a liderar o grupo através de eleições e múltiplas guerras com Israel, embora não esteja claro quanto controle ele e outros líderes políticos exilados do Hamas exerciam sobre os líderes do grupo em Gaza e sua ala militar, que realizou o ataque de 7 de outubro.
O líder político do Hamas também era uma figura chave nas negociações de cessar-fogo do Hamas com Israel, e seu assassinato torna as perspectivas de um acordo ainda mais incertas.
Também foram mortos durante por Israel um jornalista da Al Jazeera e um operador de câmera em um ataque em Gaza. Ismail al-Ghoul e Rami al-Rifi – ambos com 27 anos – foram mortos no campo de refugiados de Shati em um ataque israelense ao seu veículo.
Reações da comunidade internacional
Vários países, incluindo Alemanha e EUA, instaram seus cidadãos a deixar o Líbano ou a não visitar o país neste momento.
Os Estados Unidos não foram informados antecipadamente sobre o ataque que matou Haniyeh, disse o secretário de Estado Antony Blinken durante uma viagem a Singapura. Ele acrescentou que a administração Biden continua focada em desescalar a guerra entre Israel e o Hamas em Gaza.
Na Cisjordânia ocupada, Tunísia e Turquia eclodiram protestos para condenar o assassinato de Haniyeh. Os Houthis do Iêmen declararam que Israel deve esperar uma "onda de retaliação" após o assassinato de Haniyeh.
Países se manifestam na ONU
O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou os ataques em Beirute e Teerã como uma "escalada perigosa". Membros do Conselho de Segurança da ONU emitiram declarações na reunião de emergência sobre o assassinato do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh.
- China: “Este ato foi uma tentativa flagrante de sabotar os esforços de paz. [A China pede a Israel] que interrompa todas as suas operações militares em Gaza e pare imediatamente com seu castigo coletivo ao povo de Gaza.”
- França: “Pedimos a máxima responsabilidade e contenção para evitar uma conflagração regional.”
- Guiana: “A história do colonialismo nos mostrou, Sr. Presidente, que nenhum povo consente à subjugação e certamente não do tipo que Israel impôs ao povo palestino. O desejo por liberdade é inato.”
- Malta: “Os esforços por um cessar-fogo imediato e permanente no conflito entre Israel e Hamas em Gaza não devem cessar.”
- Rússia: “O assassinato político [de Ismail Haniyeh] … representa um golpe sério, principalmente para as negociações mediadas entre o Hamas e Israel visando um cessar-fogo em Gaza.”
Com informações do The New York Times e Al Jazeerra