PÓS-ELEIÇÃO

Venezuela: atos violentos são "parte de tentativa de golpe da oposição", diz Maduro; veja VÍDEOS

Presidente venezuelano diz que protestos violentos em diferentes partes do país foram organizados por "fascistas" com a ajuda dos EUA

Protestos violentos contra Maduro em Caracas.Créditos: Reprodução
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Após a votação tranquila e sem incidentes na eleição do último domingo (28), o clima ficou tenso na Venezuela com protestos violentos nas ruas contra o presidente Nicolás Maduro, que foi proclamado como o vencedor do pleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e reeleito para o seu terceiro mandato. 

A oposição, liderada pelo candidato Edmundo González e por Maria Corina Machado, não reconhece o resultado divulgado pelo CNE e diz que derrotou Maduro com mais de 70% dos votos, alegando fraude.

Ninguém, entretanto, apresentou até o momento qualquer prova de que a eleição tenha sido fraudada ou que Gonzáles, de fato, tenha derrotado o atual presidente. O governo chavista, por sua vez, também não apresentou ainda as atas de votação, alegando ataque hacker ao sistema eleitoral – Maduro afirmou que os documentos serão disponibilizados nos próximos dias.

Na noite desta segunda-feira (29), logo após o CNE proclamar Maduro como vencedor com 51,2% dos votos, eleitores da oposição, incentivados por Gonzáles e Machado, passaram a promover atos violentos em diferentes partes da Venezuela. Há relatos de quebra-quebra, incêndios, barricadas, invasões e saques. Em Guaira, norte do país, manifestantes derrubaram uma estátua em homenagem a Hugo Chávez. 

Em live nas redes sociais, Maduro denunciou os atos violentos como "parte da tentativa de golpe" deflagrada pela oposição com "a ajuda dos Estados Unidos". 

"Temos assistido a um conjunto de acontecimentos, mais de 100 ataques violentos, terroristas (...) Isso é fruto de um plano que venho denunciando. Eles participaram para aproveitar a campanha eleitoral e criar comandos para organizar grupos criminosos”, disse o presidente venezuelano. 

“Por trás desse plano estão os gringos. Sempre foram eles. Antes, durante e depois de [Juan] Guaidó [líder oposicionista que chegou a se autoproclamar 'presidente' da Venezuela]. Fabricado nos EUA (...) Este grupo é um grupo fascista, uma contrarrevolução violenta, fascista e criminosa”, prosseguiu. 

Segundo Maduro, os oposicionistas que estão participando dos protestos nas ruas "têm um plano violento, uma chamada revolução colorida novamente, uma conspiração e uma escalada de violência para matar pessoas". O mandatário destaca que a extrema direita tem um "modus operandis" que “tem sido utilizado desde o Golpe de Estado de abril de 2002, para a primeira guarimba [protesto de barricadas típico da Venezuela] de 2004, para as ações de Capriles depois das eleições e pelas guarimbas de 2014.”

Veja vídeos da declaração de Maduro e dos protestos: 

Conversa com Celso Amorim

Na mesma live, Nicolás Maduro anunciou que teve uma conversa com Celso Amorim, ex-chanceler brasileiro e atualmente assessor especial de assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

"Eu dizia hoje a Celso Amorim: há um grupo de opositores que quer uma alternativa democrática, com respeito a instituições, mas esse grupo [a coalizão opositora] é radical, fascista. Não é uma oposição democrática", disse o mandatário venezuelano. 

Amorim, por sua vez, pediu a Maduro para que acelere a divulgação das atas de votação, ao que presidente venezuelano teria dito que o CNE o faria nos próximos dias. O assessor brasileiro conversou, ainda, com o candidato da oposição Edmundo González, que reforçou o pedido para que o Brasil siga cobrando a divulgação das atas. 

Celso Amorim destacou, contudo, que nem Maduro e nem a oposição apresentou provas, até o momento, de que tenham vencido a eleição ou de que o pleito tenha sido fraudado. 

"A gente tem que ter uma verdade verificada. É uma norma de desarmamento básica: confie e verifique. O resultado só pode ser verificado quando o resultado das várias mesas [de votação] for divulgado. Não basta dar um número geral. A oposição também não comprovou nada. Não mostrou as atas que diz ter na mão. Por isso temos que esperar. Se não houver solução, então vemos o que fazer, e como o Brasil deve agir", disse o assessor ao jornal Folha de S. Paulo. 

"Marcha pela paz" 

Em resposta aos atos violentos da oposição, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, convocou uma "marcha pela paz" em Caracas nesta terça-feira (30). 

“Amanhã iremos a Miraflores [palácio presidencial] para defender o direito à vida, para defender os resultados eleitorais”, declarou Rodríguez. 

“Apelamos ao povo amanhã para uma grande marcha em direção a Miraflores, a todas as forças, nas suas cidades, para defender a paz. Somos a maioria e por isso vamos às ruas defender a paz. Você tem direito à paz. Talvez o candidato em que você votou seja quem está gerando a violência”, prosseguiu o presidente da Assembleia Nacional venezuelana. 

Missões diplomáticas

O chanceler da Venezuela, Yvan Gil, revelou através das redes sociais que o governo venezuelano decidiu expulsar todas as missões diplomáticas dos países que não reconheceram o resultado das eleições que garantiram um novo mandato ao presidente Nicolás Maduro.

Dessa forma, as missões diplomáticas da Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai, conforme comunicado do governo, devem deixar a Venezuela "imediatamente".

"A República Bolivariana da Venezuela expressa sua mais firme rejeição às ações e declarações intervencionistas de um grupo de governos de direita, subordinados a Washington e abertamente comprometidos com os postulados ideológicos do fascismo internacional, tentando reeditar o fracassado Grupo de Lima. Esses governos estão tentando ignorar os resultados eleitorais das eleições presidenciais de domingo, 28 de julho de 2024, que deram a vitória a Nicolás Maduro Moros como presidente da República Bolivariana da Venezuela para o novo período constitucional 2025-2031", diz o comunicado emitido pela chancelaria do governo da Venezuela.

Em seguida, o comunicado afirma: "O governo da República Bolivariana da Venezuela, diante deste nefasto precedente, que atenta contra a nossa soberania nacional, decide retirar todo o pessoal diplomático das missões: Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai; exigir destes governos a retirada imediata de suas representações em território venezuelano."