O presidente Lula lamentou as falas do presidente venezuelano Nicolás Maduro sobre o resultado eleitoral na Venezuela. No entanto, a fala do brasileiro não foi uma crítica banal ou mera intervenção na política interna de outro país: foi um compromisso firmado com o chavismo.
Maduro afirmou que poderia ocorrer um "banho de sangue" e uma "guerra civil" caso os resultados do pleito do próximo domingo (28) sejam apertados. Isso não é uma ameaça: é uma constatação de um fato. Nas últimas eleições venezuelanas, mesmo com margens expressivas de vitória de Maduro, houve violência política generalizada e tentativas de golpe.
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Os setores mais escandalizados da imprensa de direita brasileira pressionaram Lula a comentar o caso. E ele disse que Maduro deveria respeitar o resultado das eleições.
"Eu fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que, se ele perder as eleições, vai haver um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender: quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora", afirmou Lula, segundo a agência Reuters.
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Mas a fala do brasileiro abre um precedente: caso Maduro ganhe - e há a possibilidade de reeleição -, Lula não deve embarcar na histeria sobre fraude que será levantada pela extrema direita venezuelana, independentemente das opiniões de observadores internacionais.
Caso a direita ganhe, Lula ganha alguns pontos com o novo governo. Ainda que Maria Corina Machado seja uma extremista de direita, o presidente ainda precisará se sentar com ela para a pacificação venezuelana - que não será simples, pensando no arranjo institucional do país depois de 20 anos de chavismo. Além disso, o brasileiro entende Caracas como um aliado estratégico do Brasil até um possível membro dos Brics.
O presidente brasileiro pode até perder alguns pontos com Maduro ao criticar tal frase, mas garante um equilíbrio institucional que lhe será proveitoso nos dois casos. E será uma figura essencial para auxiliar numa eventual pacificação, sendo uma das poucas figuras reconhecidas pela esquerda e pela direita do país como um verdadeiro democrata. Porque Lula, de fato, o é, queiram ou não.