Nesta semana, a Bolivia oficializou sua entrada no Mercosul e firmou uma série de acordos estratégicos com o Brasil. A passos lentos, o país governado por Luís Arce - que quase foi vítima de um golpe de Estado na semana passada - vai se aproximando e acoplando sua economia à nossa.
O presidente Lula programou boa parte da sua agenda estratégica com os BRICS em 2023 considerando a possibilidade de ter na Argentina uma fonte de boas relações. No entanto, a ascensão de Javier Milei ao poder restaurou uma política externa de inimizade e hostilidade contra Lula e contra o Brasil, dificultando o avanço de aprofundamento de laços entre Buenos Aires e Brasília.
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A Argentina seria a companheira do Brasil nos novos BRICS. China, Índia, Rússia e África do Sul conseguiram colocar mais aliados dentro do bloco em 2023, mas Lula perdeu sua chance ao tentar incluir um país que rejeitou a entrada devido ao governo de extrema direita.
Lula, que pensa na integração latino-americana e tem isto como um norte, decidiu olhar para seus parceiros na região e parece ter achado a menina dos seus olhos: a Bolívia.
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A Venezuela seria uma possível aliada, mas está muito mais alinhada com China e Rússia do que com o Brasil, além de passar por uma instabilidade institucional tremenda na última década.
A Colômbia de Petro seria uma boa candidata, mas o establishment político do país ainda é muito ligado aos EUA e não compactuaria com os planos mais arriscados do BRICS, como a desdolarização.
O Paraguai - que ainda reconhece Taiwan como a China "verdadeira" - sequer pode ser cogitado. O Uruguai e o Chile possuem perfis econômicos diferentes do resto do bloco.
A melhor das possíveis
Resta a Bolívia, que possui um establishment político mais à esquerda, goza de crescimento médio de 5% nos últimos 20 anos e, apesar de possuir problemas econômicos no momento, possui consideráveis reservas de gás e lítio, metais estratégicos que podem beneficiar o Brasil a longo prazo.
O país tem interesse manifesto em entrar nos BRICS e sua direita mais liberal, representada por Carlos Mesa, não parece ser necessariamente aversa a Lula, ao contrário da extrema direita camachista.
A China possui grandes investimentos na Bolívia, o que atrai inclusive o país para a possibilidade de um arco da Nova Rota da Seda com participação brasileira correndo do Pacífico ao Atlântico.
Por outro lado, os abutres do golpismo seguem rondando a Bolívia. Seja pelo caudilhismo natural de suas forças armadas ou pelo olho internacional em um país rico em minerais.
A realidade é que o Brasil precisa de um bom aliado no Mercosul e nos BRICS ao olhar para uma América Latina que não goza de uma onda rosa. E a parceria estratégica entre Brasília e La Paz é a melhor das possíveis.