PREOCUPAÇÃO

WikiLeaks pede "todos os olhos" no voo de Assange, prestes a entrar no espaço aéreo dos EUA em região remota

Rede de ativistas divulga monitoramento via satélite do voo de Assange; segundo esposa do jornalista, "ele não estará seguro até pousar na Austrália"

Esposa de Assange e WikiLeaks pedem que todos acompanhem o voo do jornalista.Créditos: Reprodução
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A rede de ativistas e jornalistas independentes WikiLeaks pediu através das redes sociais, no final da manhã desta terça-feira (25), que todas as atenções estejam voltadas para o voo de seu fundador, Julian Assange, que deixou a prisão em Londres, no Reino Unido, e partiu em um jato rumo às Ilhas Marianas, região remota no Pacífico que pertence aos Estados Unidos e onde o jornalista se apresentará diante de um juiz para chancelar o acordo que o colocou em liberdade. 

O avião de Assange fez uma escala em Bangkok, na Tailândia, e está a caminho das Ilhas Marianas. Depois da audiência com o juiz, o jornalista seguirá para a Austrália, seu país Natal. O WikiLeaks, após um alerta feito pela esposa do jornalista, Stella Assange, passou a divulgar um site de monitoramento via satélite para que as pessoas acompanhem o voo do jornalista com o objetivo de garantir que ele chegue em seu país em segurança, visto que estará em jurisdição norte-americana em uma região remota. 

"O voo VJ199 de Julian Assange pousou em Bangkok e em breve decolará novamente e voará para o espaço aéreo dos EUA, onde comparecerá perante um juiz dos EUA. Por favor siga #AssangeJet, precisamos de todos os olhares atentos ao voo dele caso algo dê errado", escreveu Stella. 

Depois, ela voltou a expor sua preocupação. 

"O voo VJ199 decolará em breve para Saipan. Saipan é um território ultramarino remoto dos EUA. Ele entrará nos Estados Unidos. Julian não estará seguro até pousar na Austrália. Por favor, continue acompanhando o voo dele". 

A rede WikiLeaks, então, endossou o alerta. 

"O voo VJ199 de Julian Assange acaba de decolar de Bangkok em direção ao espaço aéreo dos EUA e à Ilha Saipan. Todos os olhos voltados para #AssangeJet". 

Para acompanhar o voo de Julian Assange, clique aqui

Assange livre 

Julian Assange está livre. Ele deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã desta segunda-feira (24), depois de ter passado 1.901 dias preso. Ele recebeu fiança do Supremo Tribunal de Londres e foi libertado no aeroporto de Stansted durante a tarde, onde embarcou em um avião e partiu do Reino Unido. O jornalista fechou um acordo com o governo dos EUA e se declarado culpado de uma das acusações.

A advogada e companheira de Julian Assange, Stella Assange, comemorou a libertação do jornalista nas redes sociais e agradeceu o apoio de todos. "Palavras não podem expressar nossa imensa gratidão a VOCÊS - sim, VOCÊS, que se mobilizaram durante anos e anos para tornar isso realidade. OBRIGADO. obrigado. OBRIGADO", escreveu Stella.

As primeiras informações, para além daquelas divulgadas pelo WikiLeaks, indicam que Julian Assange concordou em se declarar culpado da acusação de obter e divulgar ilegalmente material de segurança nacional em troca de sua libertação da prisão britânica.

Assange, que está com 52 anos, deve comparecer perante um juiz federal em um dos postos avançados mais remotos do Judiciário, o tribunal de Saipan, capital das Ilhas Marianas do Norte. As Ilhas Marianas do Norte são uma comunidade dos Estados Unidos no meio do Oceano Pacífico e próximas da Austrália, terra natal de Assange, para onde ele deve voltar após a concretização do acordo.

Assange deve comparecer nesta quarta-feira (26), às 9h, em Saipan e voar de volta para a Austrália "na conclusão do processo", escreveu Matthew J. McKenzie, funcionário da divisão de contraterrorismo do departamento, em uma carta enviada ao juiz do caso. O documento em questão foi divulgado pelo New York Times.

O The New York Times afirma que o acordo era esperado nos bastidores do governo Biden. Segundo a publicação, o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, sugeriu que os promotores dos EUA precisavam concluir o caso e o presidente Biden se mostrou aberto a uma solução rápida.

A partir do primeiro-ministro da Austrália, foi costurado um acordo com o alto escalão do Departamento de Justiça sem tempo adicional de prisão para Assange, considerando que os anos que Assange passou recluso na Embaixada do Equador e depois na prisão no Reino Unido já foram suficientes. Ou seja, sua pena foi considerada cumprida.

Ainda de acordo com o NYT, foram semanas de negociações para que Assange aceitasse se declarar culpado de uma das acusações - conspiração para divulgar informações da defesa nacional.