ARGENTINA

Manifestante comove policial de Milei em protesto: “Seus filhos, netos e mãe poderiam estar aqui”

Sob intensa repressão à população, projeto de Lei de Bases, proposto por Milei, foi aprovada pelo Senado argentino

Manifestante confronta policial em meio a protestos na Argentina.Créditos: Reprodução de vídeo
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Durante o debate sobre a Lei de Bases XS, o ultraliberalista Javier Milei intensificou sua repressão policial contra a população argentina, movimentos sociais e jornalistas em frente ao Congresso. Em imagens que rapidamente viralizaram nas redes sociais nesta quarta-feira (12), uma jovem manifestante faz um policial chorar diante das câmeras ao exigir que ele refletisse sobre seus atos naquele momento.

"Está na hora de você tirar esse capacete e vir para este lado. Eu estou aqui deste lado porque o povo nunca te tratará como estão fazendo, nunca te empurrará para situações humilhantes. O povo te apoia, e vejo que você está chorando, suas lágrimas estão caindo", afirmou a mulher em meio ao cordão policial, que continuou: "Não seja assim, seus filhos, seus netos, sua mãe poderiam estar aqui... não seja estúpido". 

Emocionado, o integrante da Polícia Federal Argentina (FPA) deixou o local, enquanto os outros agentes ocupavam o espaço livre e continuavam a bloquear a manifestação.

Assista o vídeo:

Manifestantes contra Lei de Bases

Por volta das 9h, os manifestantes chegaram nas proximidades do Congresso, onde uma grande operação de segurança pela Polícia Federal e pela Gendarmaria os aguardava. O objetivo era “vigiar” o prédio do Congresso e seu entorno, sob o protocolo antipiquetes de Patricia Bullrich, ministra da Segurança. O primeiro momento de tensão ocorreu pela tarde, às 13h30, quando uma fila de policiais uniformizados tentou desobstruir o cruzamento de Callao com Rivadavia, segundo o jornal argentino La Nación

Após avançarem alguns metros e fazerem uso de gás lacrimogêneo, conseguiram mover os manifestantes para trás. Posteriormente, as tropas estabeleceram um cordão policial. Agentes da Gendarmaria, Prefeitura e Polícia Federal ainda atacaram os manifestantes, usando cassetetes e balas de borracha. Além disso, lançaram gás lacrimogêneo e jatos d'água de caminhões hidrantes.

Os confrontos também resultaram em episódios de vandalismo, incluindo carros incendiados e danos a bancos e calçadas. Um grupo de profissionais de saúde e estudantes associados ao Partido Socialista dos Trabalhadores ofereceu assistência aos manifestantes mais afetados, buscando aliviar os efeitos do gás lacrimogêneo aplicando leite sobre os feridos.

O projeto de Lei de Bases de Milei desregulamenta o próprio Estado com reformas econômicas, políticas e administrativas. "Não há um só artigo no projeto que está sendo debatido no Congresso que beneficie nosso povo, a produção ou a indústria. Ademais, pretende dar superpoderes ao governo para aprofundar suas políticas de ajuste e destruição", escreveu o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, pelo X.

O governo alcançou o quórum necessário para iniciar o debate da Lei de Bases no Senado, com a sessão começando às 10h e a presença de 37 senadores. Atendendo a pedidos da oposição, foram retiradas do texto as propostas de privatização de empresas estatais como Aerolíneas Argentinas, Correo Argentino e Rádio e Televisão Argentina, como parte das concessões feitas durante as negociações.

Outro aspecto do projeto diz respeito à possível privatização de estatais argentinas, como a Aerolíneas Argentinas. No aspecto trabalhista, o projeto visa estabelecer um período de experiência de seis meses para novas contratações. Além disso, propõe-se a remoção da multa atualmente em vigor para empresários que contratem trabalhadores sem registro formal.

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