O bilionário Elon Musk, dono da Tesla, do X e da SpaceX, entre outras empresas, está sendo processado na Justiça da Califórnia, nos EUA, por retaliação contra engenheiros demitidos da sua empresa aeroespacial logo após publicarem crítica sobre a cultura empresarial e a conduta do CEO. Ao todo, oito ex-funcionários são os autores do processo, que foi obtido e divulgado pelo site Bloomberg nesta quarta-feira (12). Paralelamente, Musk também é acusado de assédio sexual, em um segundo caso que está entrelaçado com o processo.
Musk ironizou publicamente as acusações, no entanto, não respondeu aos questionamentos da imprensa dos EUA acerca do processo e do suposto assédio sexual.
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Os trabalhadores autores do processo tinham publicado uma carta aberta em 2022 levantando preocupações sobre o comportamento do CEO e a cultura da empresa. Eles alegam que foram demitidos logo em seguida em retaliação e dizem que têm motivos para acreditar que Musk pessoalmente tomou a decisão de demiti-los por conta da carta.
Dizem os trabalhadores no processo que, quando um funcionário de recursos humanos sugeriu realizar uma investigação sobre o caso, Musk teria respondido: "Eu não me importo – demita-os".
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"Musk, de forma consciente e proposital, criou um ambiente de trabalho hostil e indesejado, baseado em sua conduta de inserir no ambiente de trabalho fotografias, memes e comentários sexuais repugnantes que desmereciam mulheres e/ou a comunidade LGBTQ+", disseram os ex-funcionários.
Alguns dos denunciantes alegam que passaram a receber comentários assediadores de outros colegas de trabalho que "imitavam os posts de Musk" no Twitter e "criaram um ambiente de trabalho hostil extremamente desconfortável".
A SpaceX negou qualquer irregularidade e disse que os funcionários demitidos violaram políticas. Também afirmou que Musk não estava envolvido nas demissões.
O processo corre na Comissão Nacional de Relações Trabalhistas dos EUA. Os promotores do NLRB concordaram com os pedidos da acusação, mas a empresa recorreu em janeiro, alegando que a estrutura da agência era inconstitucional. Uma liminar do tribunal de apelações suspendeu o caso da comissão trabalhista.
A acusação de assédio sexual
Paralelamente, na última terça-feira (11), o Wall Street Journal relatou acusações de assédio sexual contra Musk. Num dos casos, ele teria tentado se relacionar com uma estagiária, convidando-a para se tornar funcionária do alto escalão da SpaceX que exerceria uma função de fiscal interno. Seu aparecimento no grupo de executivos da empresa despertou a desconfiança de outros diretores.
Um segundo caso de assédio não mira Musk em específico, mas Gwynne Shotwell, a presidente da SpaceX, que teria perseguido uma funcionária que acusava de ter relações com seu marido. A moça, no entanto, teria se relacionado com o próprio Musk. Entre outras coisas, pediu a cabeça da funcionária. Os casos de assédio aparentemente reforçam a tese dos oito funcionários na Justiça da Califórnia.
Shotwell foi citada na matéria acusando o The Wall Street Journal de apresentar "inverdades, deturpações e história revisionista". Também disse que "Elon é uma das melhores pessoas" que conhece.
A NLRB não tem autoridade para responsabilizar individualmente as pessoas, mas o novo processo judicial estadual nomeia Musk pessoalmente como réu, citando o que chama de seu "controle maníaco sobre decisões de pessoal em suas empresas". Musk negou qualquer irregularidade.
O processo também alega que executivos da SpaceX, incluindo Musk e Shotwell, participaram de um vídeo "que zomba e minimiza a má conduta sexual e brincadeiras", o que inclui uma cena em que um funcionário demonstra a "maneira correta" de dar uma palmada em um colega de trabalho.
"Precisamos buscar todas as vias possíveis para continuar avançando com nossas alegações", disse o porta-voz do grupo de ex-funcionários, Tom Moline, que trabalhou no programa Dragon da SpaceX, em uma entrevista.
"Mesmo Elon, com toda a sua riqueza e poder, não está acima de ser responsabilizado, certo?", finalizou.