Os EUA estão "preocupados" com o crescente isolamento diplomático de Israel entre países que tradicionalmente o apoiavam. Foi o que disse o assessor de segurança nacional de Joe Biden, Jake Sullivan, nesta quarta-feira (22).
As observações de Sullivan, em uma coletiva de imprensa na Casa Branca, seguiram o anúncio da Irlanda, Espanha e Noruega de que vão reconhecer formalmente um Estado Palestino na próxima semana.
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A declaração do assessor de Biden foram feitas em meio aos esforços de governo e do Congresso dos EUA para coordenar uma resposta a uma decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) de buscar um mandado de prisão para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sobre ações israelenses em Gaza.
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Questionado se estava preocupado com o isolamento diplomático de Israel, Sullivan – que deve visitar o país nos próximos dias – respondeu afirmativamente.
"Acho que é uma pergunta justa. Como um país que defende fortemente Israel em fóruns internacionais como as Nações Unidas, certamente vimos um crescente coro de vozes, incluindo vozes que anteriormente apoiavam Israel, se desviar em outra direção. Isso nos preocupa porque não acreditamos que contribua para a segurança ou vitalidade a longo prazo de Israel... Então, isso é algo que discutimos com o governo israelense", afirmou.
A melhor maneira de lidar com isso, disse Sullivan, era que Israel seguisse uma estratégia de derrotar o Hamas em Gaza enquanto buscava proteger os civis e garantir a entrega de ajuda humanitária.
Apoio à solução de dois estados
O assessor comentou ainda que, ao mesmo tempo, Israel deveria abraçar uma solução de dois estados – algo que o governo de Netanyahu se opõe ferozmente – como parte de um acordo regional que veria Israel integrado pacificamente com estados árabes moderados.
No entanto, Sullivan parecia crítico ao movimento irlandês-norueguês-espanhol de reconhecer a condição de Estado da Palestina, dizendo que o objetivo só poderia ser alcançado através de um acordo negociado.
"O presidente Biden... tem registrado apoio a uma solução de dois estados. Ele tem sido igualmente enfático ao registrar que essa solução de dois estados deve ser alcançada por meio de negociações diretas entre as partes, não por meio de reconhecimento unilateral. Acreditamos que a única maneira de se alcançar uma solução de dois estados que atenda tanto israelenses quanto palestinos é através de negociações diretas entre as partes", comentou.
Ele criticou a decisão de Israel de responder ao reconhecimento tripartite retendo fundos da Autoridade Palestina. Ele avaliou essa medida como um erro estratégico porque reter fundos desestabiliza a Cisjordânia.
"Isso prejudica a busca por segurança e prosperidade para o povo palestino, o que é do interesse de Israel. E acho que está errado reter fundos que fornecem bens e serviços básicos a pessoas inocentes", pontuou.
Crítica ao pedido de mandado de prisão contra Netanyahu
Sullivan expandiu comentários ao comitê de relações exteriores do Senado pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na terça-feira (21), nos quais ele disse que o governo estava pronto para trabalhar com o Congresso na promulgação de possíveis penalidades contra o TPI em resposta à sua tentativa de buscar a prisão de Netanyahu.
"Estamos em consultas de forma bipartidária e bicameral com o Capitólio sobre todas as opções de como responder ao que o TPI acaba de fazer. Não tomamos nenhuma decisão," disse Sullivan.
Leia aqui a declaração na íntegra de Jake Sulivan, em inglês.
O promotor do TPI, Karim Khan, anunciou na última segunda-feira (20) que estava buscando mandados de prisão para Netanyahu, bem como para o ministro da defesa israelense, Yoav Gallant, e três líderes seniores do Hamas, Yahya Sinwar, Mohammed Deif e Ismael Haniyeh.
O movimento foi denunciado como "ultrajante" por Biden, que disse que assumia uma falsa equivalência moral entre Israel e o Hamas, que é oficialmente designado como um grupo terrorista pelos EUA, Reino Unido e União Europeia.
Republicanos no Senado e na Câmara dos Representantes cogitaram publicamente a legislação contra o TPI, do qual os EUA não são membros, embora tenham apoiado algumas de suas tentativas anteriores de montar processos, notavelmente contra o presidente russo, Vladimir Putin, sobre a invasão da Ucrânia.
Cerca de 1.200 israelenses, principalmente civis, foram mortos e 250 sequestrados quando o Hamas, que governa Gaza desde 2007, realizou um ataque surpresa ao sul de Israel em 7 de outubro do ano passado. Cerca de 36.000 palestinos – principalmente mulheres e crianças – foram mortos na resposta militar de Israel.