SUCESSÃO

Mohammad Mokhber assume como presidente interino do Irã, mas eleições serão convocadas

Primeiro vice-presidente não cumprirá o restante do mandato de Ebrahim Raisi; entenda o que acontece a partir de agora no país

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Após o anúncio oficial da morte do presidente iraniano Ebrahim Raisi, o primeiro vice-presidente Mohammad Mokhber assumiu como presidente interino do Irã, depois da aprovação do líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei.

Já empossado, Mokhber, de 68 anos, realizou uma reunião extraordinária com o chefe do Judiciário, Gholamhossein Mohseni Ejei, e o presidente do parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf, nesta segunda-feira (20). A Constituição do Irã determina que os três devem dar início ao processo para que seja realizada uma nova eleição presidencial dentro de 50 dias.

A vice-presidência é uma posição não eleita no país e Mokhber foi nomeado primeiro vice-presidente por Raisi em agosto de 2021. São vários vice-presidentes nomeados, com funções distintas conforme os assuntos executivos, mas operando principalmente em forma de gabinete.

Quem é Mohammad Mokhber

Antes de ser nomeado para a vice-presidência, Mokhber serviu durante 14 anos como chefe da Setad do Irã, a organização paraestatal Fundação da Ordem do Imã. Trata-se de um poderoso grupo econômico estabelecido sob o comando do primeiro líder supremo do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, para se concentrar em assuntos de caridade.

Inicialmente, a Setad foi encarregada de gerir propriedades confiscadas no início da Revolução Islâmica, mas, ao longo dos anos, expandiu-se significativamente e controla agora uma vasta gama de ativos em diversas áreas, incluindo energia, telecomunicações, produtos farmacêuticos e serviços financeiros.

Entre as suas atividades estão a gestão de grandes empresas de petróleo e gás até participações imobiliárias e produção de produtos farmacêuticos. A primeira vacina contra a covid-19 produzida no Irã foi elaborada com a supervisão do grupo.

A Setad e Mokhber foram sancionados pelos Estados Unidos em 2021, sob a alegação de que a organização estava envolvida em violações de direitos, incluindo os “direitos dos dissidentes ao confiscar terras e propriedades de opositores ao regime”.

Antes, Mokhber trabalhou na Fundação Mostazafan, outro grande conglomerado que administra megaprojetos e negócios do Irã. Ele é integrante do Conselho de Discernimento do Interesse Superior do Regime, também chamado de Conselho de Conveniência, desde 2022, órgão que aconselha o líder supremo e resolve disputas entre o parlamento e o Conselho dos Guardiões, braço da fiscalização constitucional do Irã que também supervisiona as eleições do país.