O Irã endureceu sua retórica contra Israel nas últimas horas, diante da expectativa de que Tel Aviv vai retaliar em território iraniano pelo ataque de drones e mísseis do final de semana passado.
Um dos comandantes da Guarda Revolucionária (IRGC), Amir-Ali Hajizadeh, disse que uma guerra total entre os dois países vai levar "ao fim do regime sionista".
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O chefe do Corpo de Segurança e Proteção Nuclear, General Ahmad Haqtalab, afirmou: "Os centros nucleares do inimigo sionista foram identificados e a informação necessária sobre todos os alvos está à nossa disposição, e para responder às suas possíveis ações, as mãos estão no gatilho, por assim dizer, para disparar poderosos mísseis para destruir os alvos identificados".
As declarações em tom desafiador estão sendo reportadas pelo Times de Teerã, a rede estatal iraniana Press TV e a agência IRNA, que refletem a posição oficial do governo.
O chefe da defesa aeroespacial do Irã, general Amir Hajizadeh, afirmou que seu país atacou Israel com "estoques antigos" e não utilizou a versão mais moderna de seus mísseis, inclusive os hipersônicos.
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, se juntou ao coro:
Se o regime sionista cometer outro erro e quiser realizar novamente o menor ato de agressão contra o solo iraniano, deve saber que será dada uma resposta que fará com que o regime e os seus apoiadores se arrependam.
O porta-voz da Guarda Revolucionária, Ramezan Sharif, negou por outro lado que a base nuclear de Dimona, em Israel, tenha sido um dos alvos do ataque iraniano, como circulou nas redes sociais.
O Irã atacou Israel em retaliação ao assassinato de sete integrantes da IRGC que estavam numa instalação consular do país em Damasco, na Síria.
Os iranianos estão reagindo a declarações feitas por um líder militar ao Knesset, segundo as quais Israel estaria se preparando para lidar com a "ameaça nuclear" do Irã.
PETRÓLEO E GÁS
A propaganda de Israel sempre se baseou na suposta infalibilidade das Forças de Defesa de Israel (IDF), que não se anteciparam ao ataque do Hamas em 7 de Outubro do ano passado.
Passados mais de seis meses, Israel ainda não derrotou o Hamas em Gaza, apesar de ter matado mais de 30 mil civis, sem contar os desaparecidos.
A ousada represália do Irã também manchou a imagem de uma força imbatível, daí a pressão sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para uma resposta dura aos iranianos.
O canal 12, de Israel, informou que o gabinete de guerra já tomou a decisão de retaliar em território iraniano, mas colocou como alvo mais provável as instalações de petróleo e gás do país, menos protegidas.
Israel, com apoio direto dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Jordânia e indireto de vizinhos árabes, diz ter destruído 99% dos drones e mísseis de cruzeiros e balísticos disparados contra seu território pelo Irã.
Os alvos, segundo Teerã, foram bases militares de onde partiram os caças de Israel que mataram os sete integrantes da IRGC e um centro de espionagem nas colinas de Golã.
TAXA DE SUCESSO EM XEQUE
O diário israelense Maariv, no entanto, disse que a taxa de sucesso não foi de 99%, mas de 84%, citando fontes não identificadas.
O ex-inspetor de armas da ONU Scott Ritter, ex-fuzileiro naval com amplo conhecimento de assuntos militares, disse que o fato de que o Irã acertou alguns mísseis contra a região mais protegida do mundo por sistemas anti-mísseis representa uma mudança de paradigma no Oriente Médio.
Na opinião dele, o Irã demonstrou não apenas a vulnerabilidade de Israel, mas também das dezenas de instalações militares dos Estados Unidos na região.
Israel tem um sistema múltiplo de defesa contra mísseis de curto, médio e longo alcance, que inclui o chamado Domo de Ferro, baterias Patriot, o Estilingue de Davi e o Arrow.
Os EUA tem uma base secreta em Israel dedicada especialmente a monitorar o lançamento de mísseis pelo Irã.
Além disso, empresas estadunidenses como a Boeing trabalham em conjunto com Israel para desenvolver os sistemas anti-mísseis.
De acordo com o diário Wall Street Journal, que consultou um analista do mercado de armas, só Israel torrou cerca de U$ 550 milhões na noite do ataque do Irã, valor que subiria a mais de U$ 1 bi se considerados os gastos de todos os aliados.