Os Estados Unidos vetaram uma resolução do Conselho de Segurança que admitia a Palestina como membro integral da entidade.
No momento, o CSNU é formado por Argélia, Equador, Guiana, Japão, Malta, Moçambique, Coréia do Sul, Serra Leoa, Eslovenia e Suiça, além dos cinco membros permanentes.
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Foram 12 votos a favor e duas abstenções.
Hoje a Palestina tem o status de "observador permanente" e, assim, não tem direito a voto nos diferentes organismos da ONU.
O embaixador de Israel, Gilad Erdan, fez um duro discurso contra o próprio Conselho de Segurança.
Quão desligado da realidade está este conselho ao dedicar seu tempo e recursos para apoiar uma resolução tão desligada da realidade no terreno. Para uma resolução que terá zero impacto positivo para qualquer parte. Isso causará apenas destruição nos próximos anos e prejudicará qualquer oportunidade de diálogo futuro.
Os Estados Unidos apoiam a criação de um estado palestino, mas submetem isso a um diálogo com Israel, o que dá a Tel Aviv o poder de vetar qualquer avanço, enquanto coloniza território alheio.
O representante da Palestina, Ziad Abu Amr, afirmou:
Ainda ansiamos por praticar o nosso direito à autodeterminação, a viver em liberdade, segurança e paz num Estado independente, semelhante a outros países ao redor do mundo.
Espanha, Irlanda, Noruega, Eslovênia e Malta devem reconhecer a Palestina oficialmente até o final deste mês, o que o Brasil fez em 2010.
140 dos 193 países integrantes da ONU já fizeram o mesmo.
Com isso, se a resolução não tivesse sido vetada pelos Estados Unidos, passaria na Assembleia Geral com folga.
PRESSÃO HOJE E ONTEM
Mensagens vazadas pelo Intercept estadunidense mostram que Washington fez pressão sobre o Equador para que persuadisse Malta e França a não votar pelo reconhecimento do estado palestino no Conselho.
A pressão não deu resultado: só Reino Unido e Suiça se abstiveram, além do veto de Washington.
França, China e Rússia votaram a favor.
O embaixador russo Vasily Nebenzya fez um duro ataque aos Estados Unidos:
Hoje poderia ter entrado para a História como o dia que o mundo fez justiça aos palestinos após 75 anos. Porém, nossos colegas estadunidenses não concordam com isso. A história não vai perdoar vocês.
Os EUA argumentam que querem primeiro normalizar as relações de Israel com países da região, principalmente a Arábia Saudita, antes de abrir a discussão sobre o estado palestino, em tese para dar garantias a Tel Aviv.
No entanto, isso enfraquece a posição dos palestinos para negociar, enquanto Israel segue avançando com assentamentos na Cisjordânia e novos planos para fortalecê-los no entorno de Gaza.
O governo Biden argumenta que não cabe ao Conselho de Segurança criar países "por decreto".
Porém, a Assembleia Geral da ONU "criou" Israel em 29 de novembro de 1947, ao aprovar a resolução 181.
A partição, que previa um território muito maior para os palestinos do que eles hoje ocupam, foi aprovada por 33 votos a 13, com 10 abstenções e uma ausência.
Os EUA exerceram forte pressão, inclusive oferecendo benefícios econômicos a quem apoiasse a resolução.
À época, Brasil e União Soviética votaram a favor, mesmo com ampla rejeição ao plano por parte dos países árabes.
Votaram contra Afeganistão, Índia, Irã, Iraque, Líbano, Paquistão, Arábia Saudita, Síria, Iêmen, Grécia, Turquia, Egito e Cuba.
Argentina, Chile, Colômbia, El Salvador, Honduras, México, China, Etiópia, Reino Unido e Iugoslávia se abstiveram.
A Tailândia não compareceu.
Em guerras subsequentes, Israel avançou mais e mais sobre território palestino, do Egito, da Síria e do Líbano e hoje mantém 700 mil colonos em terras alheias.
DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
Os Estados Unidos só conseguiram o apoio de 47 países para uma declaração que condena os ataques do Irã contra Israel, sem mencionar que eles foram em represália por um ataque a uma representação diplomática de Teerã em Damasco, na Síria.
O Brasil não endossou o texto.
As Nações Unidas tem 193 integrantes.
"Condenamos inequivocamente os ataques de 13 de abril perpetrados pela República Islâmica do Irã e pelos seus parceiros militantes contra o Estado de Israel, que envolveram o lançamento de várias centenas de mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro e drones de ataque contra múltiplos alvos, e observamos que este ataque em grande escala poderia ter causado danos significativos e perda de vidas. Condenamos ainda o fato de as armas lançadas contra Israel terem violado o espaço aéreo de vários estados regionais, colocando em risco a vida de pessoas inocentes nesses países, e aparentemente atravessando o espaço aéreo perto de locais sagrados em Jerusalém", diz o texto.
Estados Unidos, Albânia, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bulgária, Canadá, Croácia, Chipre, República Checa, Dinamarca, Equador, Estonia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Letonia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Moldávia, Monaco, Montenegro, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Micronésia, Palau, Papua Nova Guiné, Polônia, Portugal, Coreia do Sul, Romenia, Eslováquia, Eslovenia, Espanha, Suécia, Ucrânia e Reino Unido assinaram a mensagem.
Nenhum país árabe ou muçulmano apoiou a moção.
O ataque de Israel que matou sete integrantes da Guarda Revolucionária em Damasco, violando o prédio do consulado do Irã, chegou a ser discutido no Conselho de Segurança a pedido da Rússia, mas não houve condenação.
Os Estados Unidos já usaram seu poder de veto em defesa de Israel no CSNU mais de 45 vezes.