Elon Musk, o bilionário de nacionalidades sul-africana e norte-americana que é um dos homens mais ricos do mundo e que é proprietário, entre outras empresas, da rede social ‘X’ (antigo Twitter), resolveu nos últimos dias autointitular-se um “guerreiro pela liberdade de expressão irrestrita” e deu início a um ataque às instituições brasileiras, começando pelo Supremo Tribunal Federal, com destaque especial ao ministro Alexandre de Moraes, direcionando-se depois para o governo e o presidente Lula (PT). Numa clara dobradinha com o bolsonarismo, uma vez que o magnata é um entusiasta da extrema direita em vários países, Musk passou a repetir a enjoativa e fantasiosa cantilena dos seguidores do ex-presidente de que no Brasil há uma “ditadura judicial”.
Os ânimos se alteraram, o bilionário conseguiu colocar as autoridades brasileiras numa posição desconfortável e, por fim, deu gás ao extremismo verde e amarelo em sua rede, emplacando uma versão delirante da realidade que ganhou espaço na imprensa mundial. No entanto, toda essa valentia de Musk e sua verve de “incansável lutador pela liberdade de expressão” não passam de história da carochinha.
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Em 2023, quando Musk já era o dono do ‘X’, sua companhia recebeu uma ordem do governo da Índia para tirar do ar os links postados pela BBC, a estatal de comunicação do Reino Unido, que levavam a um documentário que tratava de forma nada honrosa o presidente da nação asiática, Narendra Modi, outro expoente da extrema direita. Sob o título de “Índia: A questão Modi”, os links que direcionavam os usuários para o filme foram imediatamente bloqueados na plataforma pela empresa de Musk. O próprio governo de Modi, na figura de seu ministro da Informação e Radiodifusão, Kanchan Gupta, confirmou que “o lixo anti-Índia da propaganda hostil da BBC tinha sido removido da rede por determinação das leis e regras soberanas da Índia”.
Meses depois, numa entrevista, Musk confirmou a ordem para que se cumprisse a determinação do governo indiano, e ainda disse ao jornalista com quem falava que “não poderia violar as leis do país”, um comportamento bem submisso e “civilizado”, totalmente diferente das críticas explosivas e insultuosas empregadas contra o Brasil. “As regras na Índia sobre o que pode aparecer nas redes sociais são muito estritas e nós não podemos violar as leis do país”, comentou o magnata.
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Na Turquia, este ano, algo semelhante ocorreu. Durante as eleições nacionais, o ‘X’ recebeu uma ordem do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que acabou se reelegendo ao final do pleito, para que restringisse o alcance de determinadas postagens, pois elas estariam interferindo na disputa nas urnas. Musk não hesitou, obedeceu a determinação e colocou o rabo entre as pernas, inclusive argumentando sobre as razões que o levaram a cumprir a ordem.
“A escolha é estrangularem totalmente o Twitter, ou limitar acesso a alguns desses tuítes. O que você prefere?”, respondeu ao ser questionado pela imprensa estrangeiras.