PERIGO

Portugal: Eleições antecipadas e ascensão da extrema direita

Líderes políticos portugueses encaram eleitores em meio a uma reviravolta de governo e a perspectiva de uma inédita coalizão com os conservadores radicais

Dia decisivo em Portugal.Créditos: Assembleia da República de Portugal/Reprodução
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Há um ano, Portugal desfrutava de uma estabilidade política notável na Europa, com um governo de maioria absoluta liderado pelo Partido Socialista de António Costa. No entanto, uma reviravolta inesperada nos últimos meses tem agitado o cenário político português, levando os eleitores às urnas neste domingo (10) em eleições legislativas antecipadas.

A instabilidade começou em novembro, quando o primeiro-ministro António Costa renunciou após o Ministério Público anunciar que ele estava sob investigação por corrupção. No entanto, semanas depois, um esclarecimento revelou que houve um equívoco, e o verdadeiro alvo era um homônimo do premiê. A renúncia precipitada levou à antecipação das eleições, originalmente programadas para 2026.

Neste contexto de incerteza, cerca de 10,8 milhões de eleitores portugueses enfrentam uma escolha crucial. O sistema semipresidencialista do país significa que os votos são para partidos, não candidatos individuais, e a sigla vencedora precisará garantir um número mínimo de assentos no Parlamento para governar.

Até recentemente, a Aliança Democrática (AD), de centro-direita, liderava as pesquisas com 34%, enquanto o Partido Socialista (PS), de esquerda, mantinha uma posição forte com 28%, de acordo com uma pesquisa divulgada na sexta-feira (8). A possibilidade de uma maioria absoluta, conquistada pelo governo anterior, parece improvável, levando a especulações sobre possíveis coalizões.

Avanço da extrema direita

O elemento mais notável nestas eleições é a presença da extrema direita, representada pelo partido Chega, que aparece com 16% nas pesquisas. O líder, André Ventura, tem explorado discursos radicais, focando em questões como a corrupção, o combate à suposta "ideologia de gênero" e uma postura contrária à imigração. A possível coalizão entre Chega e AD abre caminho para a extrema direita integrar o governo, marcando um momento inédito na política portuguesa.

No entanto, há resistência dentro da AD, com o presidente do partido, Luís Montenegro, hesitante em formar uma aliança com o Chega. As diferenças ideológicas entre a direita moderada e a extrema direita podem complicar a formação de um governo estável.

O resultado dessas eleições terá implicações significativas para o futuro político de Portugal e pode moldar a dinâmica das coalizões governamentais, especialmente se a extrema direita se consolidar como uma força influente no cenário político do país.