Uma infeliz declaração da jogadora Dor Saar, da seleção feminina de basquete de Israel, motivou um protesto de toda a seleção da Irlanda em partida disputada em Riga, na Letônia, pela EuroBasket, uma das competições europeias da categoria. As irlandesas simplesmente se recusaram a estar perfiladas ao lado das adversárias durante as execuções dos hinos dos países e não as cumprimentaram ao início do jogo.
É de conhecimento público que a Irlanda, e os irlandeses de maneira geral, têm uma tendência a apoiar a causa palestina. Não é por acaso, a própria Irlanda foi um país que, em plena Europa, foi ocupado e violentado por uma potência imperialista, o Reino Unido. Até hoje uma parte do país, a chamada “Irlanda do Norte”, está entre os territórios do Rei Charles III.
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O apoio irlandês aos palestinos é visto não apenas nas grandes manifestações registradas nos últimos meses no país contra o genocídio em Gaza, mas também nos esportes. O Celtic Football Club, um clube da Escócia mas fundado por irlandeses que fugiam da fome decorrente da ocupação britânica no início do século XX, é uma das principais referências da Irlanda nesse quesito - o clube é totalmente identificado com o país, apesar de sediado em outro.
Mas as críticas irlandesas não são racistas, nem antissemitas. Pelo contrário, é notório o caráter decolonial das mesmas e sua repulsa à barbárie perpetrada pelo Estado de Israel na Palestina. Logo da última ofensiva israelense contra os palestinos em Gaza, o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, condenou as ações de Israel de cortar o fornecimento de energia, combustível e água, chamando isso de violação do direito internacional humanitário e punição coletiva.
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Nesse contexto, a jogadora Dor Saar afirmou em entrevista concedida momentos antes do jogo que as jogadoras da Irlanda seriam “bastante antissemitas”. A declaração revoltou as adversárias.
Mas para além das imagens das jogadoras recusando-se a cumprimentar as israelenses, a declaração também reverberou na própria Confederação de Basquete da Irlanda, que denunciou Saar à Fiba (Federação Internacional de Basquetebol), organizadora da EuroBasket, pelas suas “acusações imprecisas”.
O próprio protesto, em que as atletas irlandesas se perfilaram para o hino nacional longe das adversárias e não as cumprimentaram, teria sido uma recomendação da Confederação, que informou por meio de nota que “não participaremos dos cumprimentos pré jogo tradicionais com nossos próximos adversários”.
O jogo foi vencido por Israel. Uma verdadeira goleada para os padrões do basquete: 87 x 57. No entanto, fora da quadra, venceu a dignidade das irlandesas.
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