Numa ação sem precedentes desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, o Kiev Post cobrou clareza do presidente Volodymyr Zelensky em editorial de primeira página.
O diário é um notório apoiador de Zelensky, mas agora o acusa de tumultuar o cenário político com os rumores de que vai demitir não apenas o comandante das Forças Armadas da Ucrânia (AFU), Valery Zaluzhny, mas também o chefe do Estado Maior, Serhiy Shaptala.
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O presidente ucraniano teria informado o governo Biden sobre a decisão, de acordo com o diário Washington Post.
Seria uma forma de dar um reset no conflito com a Rússia, depois do fracasso da contraofensiva da Ucrânia que pretendia recuperar todo o território sob ocupação, inclusive a Crimeia.
Nas últimas horas, a União Europeia e o Senado dos Estados Unidos sinalizaram com pacotes de ajuda à Ucrânia que somam mais de U$ 100 bilhões.
RÚSSIA EM BATALHA DECISIVA
Porém, blogueiros e jornalistas independentes da Ucrânia e da Rússia concordam que Moscou tem vantagem no que é considerada uma batalha decisiva no conflito, pela cidade de Avdiivka.
A batalha tem grande simbolismo, pois se estende desde a guerra civil ucraniana, que antecedeu a invasão russa.
Conquistando Avdiivka, os russos livrariam a maior cidade sob seu controle, Donetsk, do fogo de artilharia ucraniano.
Mestres na propaganda, Kiev e Moscou pouco falam sobre a situação militar.
Porém, há fontes confiáveis dos dois lados que publicam informações diretamente na internet.
Pelo lado ucraniano, um exemplo é Yuriy Butusov:
A situação é crítica. A 110ª Brigada Mecanizada, assim como várias unidades anexas, estão envolvidas em batalhas com um inimigo que é várias vezes superior em força e está constantemente aplicando novos reforços à sua infantaria. Mais munição também é necessária – os suprimentos são extremamente pequenos, o inimigo tem uma grande vantagem
Pelo lado russo, Dva Maiora:
No setor Avdiivka, as forças militares conseguiram tomar posições da AFU ao norte e avançaram um quilômetro na retaguarda [ucraniana]. Nossas tropas contornaram o Lago Azul e entraram na área urbana. O inimigo [AFU] considera a situação crítica
Embora sem confirmação oficial, os chamados miliblogueiros costumam georeferenciar fotos e imagens que recebem da frente de combate para dar credibilidade às informações que publicam.
Os dados vão ao encontro do que o general Zaluzhny, que pode ser demitido por Zelensky a qualquer momento, escreveu em um artigo que publicou na CNN dos Estados Unidos.
Ele disse que a principal dificuldade da Ucrânia era conseguir novos soldados para acompanhar o ritmo de recrutamento de Moscou.
O general pregava o recrutamento de mais 500 mil ucranianos para lutar.
Zaluzhny é muito popular na Ucrânia, especialmente com os soldados.
Numa entrevista à revista inglesa Economist, disse uma frase que deixou Zelensky furioso:
Tal como na Primeira Guerra Mundial, atingimos o nível de tecnologia que nos coloca num impasse
O entorno de Zelensky enxerga o general como um adversário político em potencial.
De acordo com a Bloomberg, o presidente da Ucrânia pediu nesta segunda-feira 5 que Zaluzhny renunciasse, mas ele se negou a fazê-lo.
Diante dos rumores de sua demissão, o general fez uma postagem no Facebook de uma foto dele com seu colega Shaptala -- outro alvo de Zelensky -- a quem deu parabéns pelo aniversário com uma frase enigmática:
Ainda será muito difícil para nós, mas com certeza nunca teremos vergonha. Estou feliz que nesta vida e durante a guerra você esteve perto de mim, uma pessoa para quem a Ucrânia está verdadeiramente acima de tudo