MASSACRE

Israel mata mais de 100 civis famintos em Gaza em busca de ajuda humanitária

Genocídio avança mais uma casa, enquanto o mundo assiste

Matança.Feridos em carroças; Israel divulgou imagens de drone do episódio; mortos ficaram sobre os caminhões.Créditos: Reprodução X
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Em uma nova escalada do genocídio, forças de Israel dispararam hoje contra civis famintos que estavam em busca de ajuda humanitária ao sul da Cidade de Gaza.

Cerca de 700 mil palestinos continuam vivendo no entorno do que já foi a maior cidade do território, em meio a escombros.

A situação se tornou desesperadora desde que, alegando caos, a Agência das Nações para Refugiados Palestinos (UNRWA) suspendeu a entrega regular de água e comida para a região.

Os primeiros tiros contra a multidão foram disparados às 4h30 da madrugada, de acordo com vídeo publicado pela rede de tv árabe Jazeera.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 104 pessoas foram mortas e 760 ficaram feridas no tumulto.

Israel alega que estava fazendo por conta própria a entrega de ajuda humanitária quando a multidão, descontrolada, avançou em direção às tropas.

Não há confirmação independente desta alegação.

Autoridades palestinas atribuem a responsabilidade totalmente a Israel, que assumiu para si uma tarefa que era da ONU.

Um porta-voz do governo israelense, Avi Hyman, jogou a culpa pela maioria das mortes nos motoristas dos caminhões:

Em algum momento, os caminhões ficaram sobrecarregados e as pessoas que dirigiam os caminhões, que eram motoristas civis de Gaza, avançaram sobre a multidão, matando, no meu entender, dezenas de pessoas.

Corpos ficaram empilhados no ponto de entrega de ajuda humanitária.

O diretor da Crescente Vermelha, Bassam Zaqout, culpou Israel:

Há intenção de aumentar a pressão sobre o Hamas, matando mais civis, enquanto as forças israelenses compreendem perfeitamente que não existe nenhum sistema de saúde operacional na Faixa de Gaza que possa lidar com tal massacre ou com um número tão grande de feridos neste momento.

O socorro aos feridos foi caótico e superlotou o hospital Shifa, que opera em condições dramáticas, com falta de anestésicos e material básico de higiene.

REPERCUSSÃO

Lidamos com um estado pária, uma estrutura que se tornou fascista, dirigida por fascistas, num governo que inclui fascistas.

Foi a reação de Mustafa Barghouti, secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina.

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Ben-Gvir, disse que dar ajuda humanitária é oferecer oxigênio ao Hamas:

Hoje ficou provado que a transferência de ajuda humanitária para Gaza não é apenas uma loucura enquanto os nossos reféns estão detidos, mas também põe em perigo os soldados das Forças de Defesa de Israel.

Gvir é ele mesmo um colono de Israel na Cisjordânia. Grupos de colonos tem atuado na passagem de Rafah, por onde entram os caminhões de ajuda humanitária, para impedir ou retardar o socorro aos palestinos famintos.

Governos ocidentais condenaram a ação de Israel, que assumiu para si a entrega de ajuda humanitária, tarefa que historicamente foi desempenhada pelas Nações Unidas.

A vice-primeira ministra da Bélgica, Petra de Sutter, resumiu:

Matar pessoas que faziam fila para obter ajuda humanitária essencial? Isto é uma violação flagrante do direito humanitário internacional e vai totalmente contra as medidas provisórias [do Tribunal Internacional de Justiça].

O Tribunal, em medida liminar, decidiu recentemente que Israel deveria evitar violações da Convenção de Genebra que tratam de genocídio e facilitar a entrada de ajuda humanitária para evitar que os palestinos morram de fome.

Pelos planos do governo de Benjamin Netanyahu, a UNWRA será expulsa de Gaza e a entrega de ajuda humanitária aos palestinos será feita por Israel, como estava acontecendo hoje.