REAÇÃO À ALTURA

Brasil “convoca imediatamente para esclarecimentos” embaixador de Israel

Sob a batuta de Lula, Itamaraty endurece ofensiva para cima de governo extremista de Tel Aviv. Mais cedo, embaixador brasileiro no Estado judeu foi chamado de volta a Brasília

Créditos: Ricardo Stuckert / PR
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A confusão diplomática entre Brasil e Israel, desencadeada após uma reação desproporcional e agressiva do Estado judeu a uma fala do presidente Lula (PT) na qual ele traçou um paralelo entre o morticínio praticado pelos militares israelenses na Faixa de Gaza nos últimos três meses e as atrocidades cometidas pelos nazistas contra os judeus na Europa durante a 2ª Guerra Mundial, não para de escalar.

Na última hora, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, mandou “convocar imediatamente para esclarecimentos” o embaixador de Israel no país, Daniel Zonshine, um inveterado bolsonarista que há poucos meses andou se intrometendo em assuntos domésticos do Brasil e compareceu a encontros com o ex-presidente golpista Jair Bolsonaro (PT). A ordem dada por Vieira é para comparecimento imediato ao Itamaraty, ainda nesta segunda-feira (19).

De acordo com fontes consultadas pela Fórum, o Itamaraty quer saber de Zonshine as razões para a hostil declaração de “persona non grata” emitida pelo governo de Netanyahu contra o chefe de Estado brasileiro. Nos bastidores da diplomacia nacional, e até em círculos estrangeiros, a atitude de Tel Aviv de partir agressivamente para cima do Brasil e de Lula é vista como um “exagero” e um “showzinho” das autoridades de extrema direita do país do Oriente Médio.

Mais cedo, medida grave já havia sido tomada

O embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, foi chamado de volta a Brasília “para consultas”, o que na linguagem diplomática significa um ato de protesto gravíssimo contra a nação que abriga a referida representação. O governo brasileiro resolveu reagir à atitude do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de convocar o embaixador em Tel Aviv para uma reprimenda pública no Yad Vashem, o Museu do Holocausto, após o presidente Lula (PT) dar uma forte declaração em Adis Abeba, na Etiópia, falando sobre o massacre imposto ao povo palestino na Faixa de Gaza.

Com 28 mil civis mortos, a imensa maioria mulheres e crianças, desde 7 de outubro do ano passado, quando o grupo terrorista Hamas atacou alvos israelenses em seu território, o massacre promovido pelas chamadas IDF (Forças de Defesa de Israel) não pode receber críticas de nações e organizações estrangeiras, na visão do governo de extrema direita liderado por Netanyahu. Comparações com o genocídio promovido pelos nazistas, então, são atacadas com violência pelo staff governamental de Tel Aviv.

Segundo fontes ouvidas pela Fórum dentro do Itamaraty, que é o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Lula teria dado a ordem direta para a chamada de volta do embaixador Frederico Meyer, fortemente contrariado com o “showzinho” dado pelo chanceler israelense Israel Kratz, que tornou pública a reprimenda ao brasileiro e justamente no mundialmente conhecido Museu do Holocausto, inclusive mostrando o nome de seus antepassados que teriam perecido nos campos de concentração de Adolf Hitler. O ato foi visto como humilhante.