Com o consentimento do governo de Javier Milei, os Estados Unidos transferiram para a Flórida o avião que "roubaram" da Venezuela.
O cargueiro 747-300 foi vendido pelo Irã à Venezuela e batizado com o nome de uma heroína da Independência local, Luisa Cáceres de Arismendi.
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O avião servia à venezuelana Emtrasur.
Ele havia sido transferido pela empresa aérea iraniana Mahan Air, que está sob sanção dos Estados Unidos por supostamente dar apoio às Forças Quds, divisão da Guarda Revolucionária do Irã.
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A transação teria sido feita, sempre de acordo com Washington, através de terceiros.
Os Estados Unidos alegam que o negócio só poderia ter sido fechado com autorização de Washington e que os responsáveis pela aeronave "violaram leis de controle de exportação".
As leis são, obviamente, unilaterais.
O avião foi detido no aeroporto de Ezeiza, na Argentina, em junho de 2022. As suspeitas inicialmente levantadas sobre os 19 tripulantes se provaram falsas.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos usou de um acordo de cooperação internacional com a Argentina para deslocar o avião até a Flórida, onde será desmontado.
A apreensão do avião foi autorizada pela Justiça argentina.
"ROUBO DESCARADO"
O acordo, no entanto, só foi cumprido depois da posse do governo de Javier Milei, crítico do Irã, da Venezuela e apoiador dos Estados Unidos.
O chanceler da Venezuela, Ivan Gil, denunciou:
A República Bolivariana da Venezuela rejeita categoricamente o roubo descarado da aeronave Boeing 747-300, matrícula YV 3531, pertencente à Empresa de Transporte Aerocargo del Sur, consumado após a conspiração entre os governos dos Estados Unidos e da República da Argentina, que de forma desonesta violaram todas as normas que regulam a aviação civil, bem como os direitos comerciais, civis e políticos que assistem à referida empresa, colocando em risco a segurança na região
O avião "roubado" teria sobrevoado o Peru, Equador e Colômbia, antes de seguir do Caribe até o pouso na Flórida.
O Irã, através de um porta-voz, também condenou o "roubo":
Foi uma apreensão ilegal e roubo. As medidas coercitivas unilaterais dos Estados Unidos contrariam os princípios básicos da Carta das Nações Unidas e da lei internacional
O preço original do avião apreendido era de cerca de U$ 80 milhões, mas a aeronave já tem mais de 35 anos de uso.
SANÇÕES, DE NOVO
Os Estados Unidos usam sanções econômicas contra milhares de indivíduos, organizações e países do mundo.
A Venezuela é um deles.
Desde que o Tribunal Superior de Justiça da Venezuela cassou a candidatura de Maria Corina Machado, Washington retomou algumas sanções que havia suspendido, depois do acordo entre Maduro e a oposição prevendo eleições presidenciais em 2024.
Corina Machado é a favorita de Washington.
Por conta disso, os EUA voltaram a sancionar a empresa estatal venezuelana que negocia ouro no mercado internacional e dizem que farão o mesmo com o setor de petróleo e gás a partir de 18 de abril de 2024.